A CEO da plataforma de e-commerce BayQi, Fátima Almeida, considera que o processo de digitalização do país caminha a bom ritmo, apontando como exemplo o surgimento do programa “Simplifica”, acabado de ser lançado pelo Governo, e que vai permitir a reformulação dos actos e procedimentos na Administração Pública, Central e Local, com foco na facilitação da vida dos cidadãos e das empresas.
Fátima Almeida diz acreditar que a continuar a esse passo, não tardará se começará a sentir o contributo do mercado digital no Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Há cinco anos, eu dizia que Angola vai ser digitalizada. Passou-se esse período e agora noto que o país está cada vez mais digitalizado e um dos exemplos concretos é a criação do Simplifica”, refere.
Para a empreendedora, todos os players que vão aparecendo no mercado têm contribuído, “de forma significativa”, para esse crescimento. “Ninguém pode tirar o mérito a ninguém, pois todos têm contribuído para o crescimento da cultura digital no país”, assevera.
Em entrevista exclusiva à FORBES, a gestora reconhece que, apesar do crescimento verificado, particularmente no e-commerce, ainda há muito trabalho por se fazer em Angola, no que a digitalização diz respeito, daí ter apelado o envolvimento de todos os actores do mercado na busca deste desiderato. “A cultura digital em Angola é um trabalho que deve ser feito por todos, desde players, compradores, à banca e até aos legisladores”, defende.
A co-fundadora da BayQi faz um balanço positivo dos cinco anos de actividade daquela que é considerada a pioneira do e-commerce no país, tendo adiantado que, neste período, a plataforma conseguiu conquistar o seu espaço e agregar valor à sociedade.
“Criamos algo consistente e acho que estamos todos a conseguir ajudar a sociedade a ter essa cultura digital. O balanço é positivo, não só para a BayQi, mas para todo o mercado”, garante Fátima.
Plataforma abre primeira loja física
Nesta Quarta-feira, 23, a BayQi abriu, em Luanda, o seu primeiro balcão de atendimento, através de uma parceira com os Correios de Angola. No balcão, além da recepção de mercadorias, os clientes da plataforma poderão também fazer compras e esclarecer eventuais dúvidas.
“Temos muitas pessoas em Luanda que não têm morada fixa e, por alguma razão, ainda se sentem receosas em comprar na plataforma. Então, o balcão instalado aqui nos Correios de Angola vai também desmistificar algumas questões sobre o e-commerce, particularmente ligadas à nossa plataforma”, precisa a CEO.
Aliada à esta estratégia, a BayQi, movida pelo elevado fluxo de encomendas que regista desde o início da pandemia, sentiu a necessidade de criar parcerias com alguns salões de beleza, cantinas, boutiques, entre outras lojas, para servirem também de pontos de entrega dos seus produtos.
Desde o surgimento da pandemia em Angola, em Março do ano passado, segundo Fátima Almeida, a empresa registou um crescimento nas vendas acima de 60%, quando comparado com 2019, período em que o novo coronavírus ainda não se fazia sentir no país.
A FORBES apurou que, neste momento, a plataforma conta com 36 postos de entrega de encomendas em Luanda, nas localidades de São Paulo, Viana, Talatona, Centralidade do Sequele e perspectiva ter, até final do ano em curso, 200 postos de entregas por meio dos seus parceiros. A BayQi regista mais de 56 mil visualizações mensais e, em igual período, entrega mais de 100 encomendas, na sua maioria em Angola.
Recentemente, a plataforma efectuo pela primeira vez, desde a sua existência, o envio de uma encomenda a Portugal, tratando-se de livros do escritor angolano Pepetela. “Estamos muito orgulhosos e queremos continuar a fazer mais”, regozija-se a gestora. Em perspectiva está também para breve o envio de encomendas para a República Democrática do Congo.
Serviço inovador na forja
Fátima Almeida anunciou, por outro lado, a implementação brevemente de um novo serviço que visa facilitar a vida dos cidadãos e promover maior inclusão digital. Trata-se do BayQi Plus, um instrumento que vai permitir ao cliente visualizar os produtos com previsão de entrega inferior a 24 horas. Neste sentido foi já assinado um acordo com a empresa Puro Estafeta.
O acordo, explica a jovem gestora, não vai impedir a BayQi de continuar a trabalhar normalmente a partir da plataforma para servir aqueles [clientes] que queiram fazer entregas ou mesmo receber mercadorias ao domicílio.
Entretanto, a pandemia, afirma a jovem empreendedora, parece estar a alterar a tendência de compras. Se antes as pessoas optavam mais por comprar calçados e roupas, com o surgimento da Covid-19, agora os bens alimentares e acessórios electrónico comandam a preferência dos clientes nas plataformas de e-commerce.
Actualmente com um total de 56 parceiros, a BayQi espera contar, até Setembro, com 5 mil variedade de produtos disponíveis na plataforma. Recentemente, adiantou a responsável, a plataforma chegou a um outro acordo com um conhecido shopping da capital do país para passar a digitalizar as lojas alojadas naquela superfície comercial. A empresa criou até ao momento mais de 20 empregos directos e vários indirectos, em Angola e em Portugal.