Um novo conceito de e-commerce, que se apresentará como um serviço, está a ser desenvolvido pela Digital Factory e deverá ser disponibilizado no segundo trimestre do ano em curso, segundo revelou à FORBES Dércio Viegas, CEO da empresa.
De acordo com o gestor, o conceito servirá para todo o segmento empresarial online, independentemente da dimensão da loja, e estará disponível por uma taxa mensal sustentável, a um custo de configuração que promete vir a ser competitivo e com curto período de implementação.
A ideia, conta, surgiu devido ao franco crescimento das vendas online e o custo de implementação de sistemas complexos de e-commerce em Angola. “Queremos que em poucas semanas um comerciante que tenha uma empresa, consiga disponibilizar a sua loja online com sistemas de pagamentos e entregas que rapidamente permitam escalar o seu negócio e receitas”, afirmou.
Empresa especializada em soluções digitais, composta por equipas de programação, produção, desenvolvimento e criatividade, a Digital Factory existe há quase dois anos e, de acordo com Dércio Viegas, vem se impondo como um dos principais players no sector de inovação digital em Angola. Desenvolve competências nas áreas de consultoria digital, criatividade e programação, fazendo parte do seu portfólio produtos como apps, websites, plataformas de formação, de e-commerce e CRM – Customer Relationship Management, gestão do relacionamento com o cliente, em Português.
Fazendo uma análise sobre o mercado tecnológico angolano, o CEO da empresa considera que o mesmo é novo e que ainda está a passar por uma “enorme” curva de aprendizagem na exploração de tecnologias. “A digitalização da população ainda é baixa, a literacia idem”, indica.
Dércio concluí, por isso, que é um mercado desafiante em que todas as empresas tecnológicas não têm apenas o papel de criar ou desenvolver produtos, mas sim de conceber soluções inclusivas para resolver os desafios do mercado. “Devido aos problemas de infra-estrutura que ainda temos e do contexto económico actual, é um desafio desenvolver, lançar e manter qualquer produto digital neste mercado”, afirma.
Embora se tenha uma população jovem, dinâmica, com muito entusiasmo para aprender e querer dar o salto tecnológico, argumenta o responsável, quer as empresas tecnológicas quer as start-ups, devem desempenhar um papel educacional e, em conjunto, pensar numa forma de fazer crescer o mercado.
Entretanto, apontou, uma das grandes dificuldades no sector prende-se com a falta de educação tecnológica. Dércio sustenta que para uma empresa que desenvolve soluções digitais, que no final serão utilizadas por pessoas, é muito mais difícil ver o seu produto crescer e tornar-se rentável, quando a sociedade em que se insere ainda não está a passar por um processo de inclusão digital, pois a maioria da população não tem acesso às novas tecnologias.
Outro obstáculo, que diz estarem a superar aos poucos, é tem a acreditação por parte de algumas empresas no produto local, sendo que muitos ainda recorrem às agências e às casas de software fora de Angola para desenvolver os seus produtos, quando, garante, o podem fazer cá. “É uma questão de tempo para este problema deixar de existir no seu todo”, perspectiva.
Por último, sendo um mercado jovem e novo no digital, as equipas técnicas locais ainda estão numa fase de crescimento e amadurecimento, o que obriga a uma taxa de esforço maior na formação, gestão e optimização das mesmas, acrescenta o CEO da Digital Factory.
Sobre a concorrência, Dércio diz encarar como um potencial catalisador para se acrescentar valor aos clientes e gerar novos negócios, através de parcerias. “Quando existe um player de referência no mercado, é, sem dúvida, um impulsionador para melhorarmos cada vez mais o nosso serviço e a nossa qualidade de entrega”, concluiu.