Luanda poderá não voltar a ter transportes marítimos públicos, vulgo catamarãs, “por se revelar um projecto inviável desde a sua concepção”, admitiu no início desta semana, em Luanda, o ministro do pelouro, Ricardo Veigas de Abreu, quando favava aos jornalistas por ocasião da celebração dos 44 anos do sector.
Neste momento, avançou, decorre um exercício de correção de processos operacionais da anterior gestão e foi transferida a responsabilidade à empresa Secil Marítima. Segundo o governante, a actividade marítima vai estar focada nas infra-estruturas, concretamente nos terminais de passageiros que existem.
Ricardo de Abreu justifica que, entre levar 50 minutos ou uma hora num barco do Capossoca ao Porto de Luanda, é mais viável fazer 45 minutos num veículo rodoviário”, pois, prosseguiu, “não temos nenhuma ligação marítima em Luanda, que por obrigação de descontinuidade geográfica nos obriga a uma travessia”. Para o Ministro, só em cidades atravessadas por um rio ou por um mar que interrompe parcialmente as suas continuidades se justifica um serviço marítimo para ligar as suas margens.
Em Luanda, aponta, a única margem que se tem é a Ilha do Mussulo, com uma população em crescimento, mas que, no entanto, diz o governante, pode ser atendida por serviços de entidades privadas. “O nosso foco é assegurarmos o funcionamento, reabilitação e a viabilidade das infra-estruturas da cidade de Luanda e os privados que quiserem podem fazer o serviço”, defende.
O ministro afirmou que a prioridade do seu ministério recai, neste momento, para o projecto da Cabotagem Norte, que permitirá a ligação marítima de passageiros e mercadorias entre a cidades de Cabinda e do Soyo, que passarão a contar já com o Ferryboat acabado de atracar na capital do país.
O objectivo, explica, é reduzir o isolamento de Cabinda, pois, até ao momento, o único modo de se chegar àquela província é por via aérea. “Depois temos a carga internacional de grande porte, que mesmo assim, fruto das condições das infra-estruturas portuárias de Cabinda é um exercício caro.
Privatização da TAAG só em 2022
A ocasião foi aproveitada por Ricardo de Abreu para anunciar que o processo de privatização da companhia área nacional (TAAG) deverá estar concluído em 2022, no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV).
De acordo com o titular da pasta dos transportes, a TAAG está actualmente a passar por uma restruturação que comtempla dois momentos, sendo que o primeiro tem que ver com o plano de saneamento e o segundo com a recapitalização, ambos a serem tratados em parceria como o Ministério das Finanças.
“Portanto, teremos o ano de 2021 para continuar a apoiar a companhia de bandeira, porque é um tema que nos parece pertinente e acima de tudo para a dotarmos de melhor capacidade operacional, melhorar capacidade comercial e financeira”, concluiu.