Daniel Chapo será investido esta Quarta-feira, 15, como o quinto Presidente da República de Moçambique, depois de ter sido proclamado como vencedor das últimas eleições presidenciais de 9 de Outubro.
Chapo sucede no cargo a Filipe Nyusi. O candidato da FRELIMO vai assumir a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou esta quinta-feira, 24 de outubro, a victória de Daniel Chapo (FRELIMO) na eleição a Presidente da República de 09 de Outubro, com 70,67% dos votos, resultados que ainda carecem da validação do Conselho Constitucional.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.
Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), até agora maior partido da oposição, com 403.591 votos (5,81%), seguido de Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro partido parlamentar), com 223.066 votos (3,21%).
Votaram nesta eleição 43,48% dos mais de 17,1 milhões de eleitores inscritos.
O processo eleitoral de 2024 tem sido criticado por observadores internacionais, que apontam várias irregularidades, bem como pela violência, com protestos na rua que levaram à intervenção da polícia com lançamento de gás lacrimogéneo e tiros para o ar, e pelo duplo homicídio de dois apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, o advogado Elvino Dias e o docente Paulo Guambe, mortos a tiro numa emboscada em Maputo na noite de 18 de outubro.
Quem é Daniel Chapo?
Daniel Francisco Chapo nasceu a 06 de Janeiro de 1977, no Posto Administrativo de Inhaminga, distrito de Cheringoma, na província de Sofala. Filho de Francisco Chapo (falecido) e de Helena dos Santos Chiremba, Daniel Chapo é o sexto filho de uma família de 10 irmãos, e professa a religião cristã.
EM 1999, Chapo seguiu para capital do País, a Cidade de Maputo, para dar continuidade aos estudos, na sequência da sua admissão ao Curso de Direito na Faculdade de Direito na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior e mais antiga instituição do ensino superior do país.
Alto, casado, com três filhos, o agora presidente-eleito era um relativo desconhecido da maioria dos moçambicanos até à sua designação surpresa como candidato da Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo, às presidenciais. Tinha apesar disso atrás de si uma carreira política no seio da FRELIMO, o partido que rege Moçambique desde a independência, tendo sido nomeado para diversos cargos administrativos no aparelho do Estado.
Em 2015, foi designado administrador do distrito de Palma, no nordeste de Moçambique, e no ano seguinte tornou-se governador da província de Inhambane, no sul do país.
É igualmente o primeiro a não ter combatido nas fileiras da FRELIMO durante a guerra civil (1975-1992), que fez um milhão de mortos e que deixou cicatrizes profundas, como fez questão de recordar no arranque da sua campanha, na cidade da Beira, província de Sofala, no centro do país.
Promessas eleitorais
No seu último comício nos arredores de Maputo, saudado por alguns milhares de apoiantes transportados até ali em autocarros, Daniel Chapo prometeu construir escolas e hospitais e fortalecer a economia.
Com um sistema de saúde periclitante e assolado por greves de médicos e funcionários, que contestam uma situação caótica, falta de material e cortes salariais, o novo presidente de Moçambique tem neste dossier trabalho garantido.
O combate à corrupção, que o próprio presidente-eleito descreve como um mal que “infeta e afeta” Moçambique, é outra preocupação.
Do programa político de Chapo, fazem ainda parte a industrialização da economia moçambicana e a reabilitação da Estrada Nacional Número 1, a principal do país.