Os activos externos de Angola recuaram para 14,8 mil milhões de dólares até Dezembro de 2020, o que representa uma quebra de 13,5%, ou seja, 2,3 mil milhões de dólares a menos face ao registado em 2019, pressionado pela crise do sector petrolífero e pela pandemia, revela a primeira edição do Relatório de Activos Externos, compilado pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
Os activos externos são reservas financeiras do País depositadas ou aplicadas em instituições financeiras lá fora, sendo que podem ser brutas ou líquidas. Entre 2019 e 2020, Angola ficou com menos 2,3 mil milhões USD dos seus activos externos.
O Relatório explica que na base desta evolução esteve o registo do saldo negativo de 3.962,95 milhões de dólares entre o volume dos factores de expansão e de contracção das reservas internacionais. Ou seja, por um lado, os factores de expansão dos activos externos – compostos sobretudo pelas receitas dos sectores petrolíferos e diamantíferos, recursos da Escrow Account (conta caucionada) e financiamentos obtidos, somaram 6.909,02 milhões de dólares em 2020. Por outro, o volume anual dos factores de contracção, compostos essencialmente pelas despesas da Conta Única do Tesouro em Moeda Estrangeira e pelos desembolsos do serviço da dívida, totalizou 10.871,97 milhões de dólares.
Na mensagem que acompanha o relatório, José Massano, governador do banco central, considera que o cenário económico, associado à pandemia da Covid-19, gerou um impacto adverso na Balança de Pagamentos, que por sua vez “pressionou o nível das Reservas Internacionais”.
Apesar disto, Massano avança que o Executivo e o BNA puseram em marcha um conjunto de medidas ao seu alcance, para suavizar os efeitos sobre os níveis de liquidez em moeda estrangeira da economia. “O BNA, a quem, por força da Lei, recai a gestão das Reservas Internacionais, implementou várias medidas de política monetária e cambial, com destaque para a eliminação progressiva das restrições cambiais e a flexibilização do actual regime cambial, de modo a fomentar a eficiência e criar as bases para a mitigação de futuras situações de pressão sobre as Reservas Internacionais”, escreveu o líder do banco central, na mensagem anexada ao relatório.