Mas de mil milhões de kwanzas foram defraudados em Angola, nos últimos dois anos, em crimes cibernéticos, segundo revelou o analista de Segurança Cibernética e Investigação de Crimes Informáticos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Francisco Policarpo Pedro.
O especialista que falava na conferência sobre segurança cibernética e investigação corporativa, organizada recentemente em Luanda pela empresa CyberSecur, em parceria com o Portal de TI, avançou ainda que a média anual de valores defraudados em crimes informáticos roda os 600 milhões kwanzas.
“Nós temos uma equipa dedicada que diariamente faz a monitorização da internet e das redes sociais, no sentido de detectar e bloquear os links falsos”, garantiu.
O relatório da Direcção de Combate aos Crimes Informáticos do SIC indica que, de Janeiro a Novembro deste ano, Angola registou um total de 1.209 denúncias de crimes cibernéticos, o que representa um aumento de 6%, face a igual período de 2021. De acordo com Francisco Pedro, as denúncias estão relacionadas com diversas tipicidades criminais, como acesso legítimo, extorsão, furto, difamação e injúria.
Por sua vez, o director da Informação da CyberSecur, Alberto Afonso, fez saber que as instituições públicas e o sector industrial são as que mais registam ataques cibernéticos em Angola.
Sobre esta realidade, o director nacional das Políticas de Ciberegurança e Serviços Digitais do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, de Angola, defendeu ser necessário trabalhar em normas para que se possa responsabilizar as instituições quando surge um incidente informático e não reportam aos órgãos competentes.
Já a especialista em riscos e directora de Relação com o Mercado da Bureau – central privada de informação de crédito, Julay Morais, referiu em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA haver em Angola “uma falsa ilusão de segurança”, já que, afirma, “existem várias instituições públicas e privadas que diariamente sofrem ataques cibernéticos”.
Julay Morais entende que o Estado tem de falar mais sobre o tema [dos crimes informáticos]. “Há que se deixar de viver numa abolia de que Angola não regista ataques cibernéticos, sendo que sofre ataques severos”, advertiu.
Do lado do Estado, veio a informação, na voz do director nacional das Políticas de Ciberegurança e Serviços Digitais, Hecdiantro Mena, de que para o quinquénio 2022-2027, o Governo está a trabalhar para a implementação da Estratégia Nacional de Cibersegurança e a institucionalização do Centro de Estudos e Respostas a Incidentes Cibernéticos.