O Afreximbank chamou para si o apoio da indústria criativa africana. De que forma o programa Creative Africa Nexus (CANEX) está a impulsionar o desenvolvimento económico no continente africano?
O Creative Africa Nexus (CANEX) é a marca que criámos direccionada para as iniciativas que temos no terreno para apoiar os criativos africanos. O próprio nome do programa indica que é o ponto central que liga todas as iniciativas que estamos a fazer para apoiar os criativos em África, como, por exemplo, a advocacia, o financiamento, as oportunidades que criamos, o advisory, assim como o engajamento digital. Dentro deste quadro, o que estamos a pôr no terreno é um arranjo de governança desenvolvido através do Conselho Consultivo Africano Criativo, que é o principal órgão que olha para todas as entidades de todas as áreas criativas desde artes, artesanato, música, filmes, desporto das diferentes zonas do continente e que nos fornece todas as indicações e as orientações sobre como implementar esta iniciativa.
O programa prevê algum tipo de financiamento para esta indústria?
Lançámos um financiamento de 500 milhões de dólares para apoiar todas as entidades africanas ligadas à indústria criativa, decisão que foi anunciada, em 2020, na conferência que teve lugar em Kigali. Produzimos também conteúdos, mas também marketing e asseguramos que todos os aspectos estão protegidos.
E como é que ajudam os criadores a dar visibilidade à sua actividade?
Uma das actividades que temos no terreno é garantir que criamos acesso ao mercado. Por isso, fechámos a parceria com a portuguesa Associação Nacional de Jovens Empresários para que os criadores passem a ter acesso ao Portugal Fashion. Isto porque sabemos que os designers africanos querem ter acesso ao mercado global, mas também ao africano para poderem ser sustentáveis. O programa CANEX providencia a framework para se concretizar estes objectivos.
Estão identificados os países africanos que terão mais potencial para crescer nesta indústria?
O Afreximbank decidiu fazer uma abordagem que abrange toda a África. Isto porque, se começarmos a promover os criativos africanos, país a país, vamos acabar por sofrer do mesmo problema que afecta hoje o continente que resulta do facto de estar fragmentado em 54 países. Estes países podem ter as pessoas criativas mais brilhantes, mas não têm a possibilidade de prosperar porque não têm capacidade para se internacionalizar ou mesmo de aceder ao próprio mercado africano. Por isso, adoptámos esta abordagem africana usando o programa Creative Africa Nexus para criar marcas africanas fortes e fornecer a plataforma para implementar uma cadeia de valor na indústria criativa.
Há que aproveitar o potencial do continente…
África é um mercado muito diversificado. Queremos garantir que oferecemos a diversidade para que a criatividade se possa desenrolar. É esta abordagem africana que irá criar marcas africanas poderosas. Queremos assegurar que colocamos um designer da Zâmbia a trabalhar em conjunto com um fabricante no Egipto ou no Maláui, por exemplo. Isto na verdade já está a acontecer. Queremos ajudar os designers de diferentes partes do continente para que tragam as suas ideias e beneficiem das diferentes heranças culturais para produzirem juntos e ganharem um espaço que ninguém possa vencer. Através desta conjugação de esforços, acreditamos que faremos da história da indústria criativa africana um vencedor no mundo. Fazer uma abordagem país a país levar-nos-ia para um caminho que não queremos seguir. Aliás, acredito que foi nessa óptica que os nossos líderes decidiram lançar o Acordo de Livre Comércio Continental Africano.
(Leia a entrevista completa na edição imprensa)