As empresas e famílias que recorrem à banca angolana para solicitar financiamentos podem ver aumentados, nos próximos tempos, os custos com a contratação de empréstimos, com o aumento pelo banco central da taxa LUIBOR na maturidade de um dia (overnight), fixada nesta Terça-feira, 24, nos 17,04%.
A taxa LUIBOR, acrónimo inglês de Taxa Interbancária de Oferta de Fundos do Mercado de Luanda, é a aquela que os bancos cobram quando emprestam dinheiro entre si, além de servir de referência para o crédito a clientes.
Consultados pela FORBES, vários analistas e responsáveis da área de crédito de dois grandes bancos, explicam que a subida na taxa LUIBOR sinaliza que há menos liquidez no mercado interbancário e que os bancos que estão a libertar créditos estão ou terão agora que fazê-lo a preços altos.
Como não há muito dinheiro a circular em volumes que satisfaçam a procura, os bancos com muita liquidez tendem a subir o custo do dinheiro, reflectindo a ‘lei da oferta e da procura’.
“A partida sim [vai haver esse aumento no custo de crédito]. Mas é preciso verificar se tal aumento na LUIBOR é consistente ou se é apenas acertos que algum banco esteja a fazer na sua liquidez”, refere um especialista.
Depois de em Janeiro deste ano se ter situado nos 5,58%, a taxa LUIBOR sofre um aumento de 11,46 pontos percentuais (pp) para 17,04%, o valor mais alto em oito meses (ver gráfico).
Para o economista Wilson Chimoco, esta alteração na taxa LUIBOR significa que o custo de aquisição de liquidez está cada vez mais elevado e que os bancos, em média, só estavam dispostos a ceder liquidez naqueles níveis, mas não afasta a possibilidade de o crédito vir a ficar mais caro, se continuar a escalada da LUIBOR.
“Por ser uma operação de muito curto prazo poderá não se traduzir num aumento do custo de crédito. Mas se a tendência persistir, claramente, que os créditos poderão vir a sair mais caro”, explica o analista económico.
Por sua vez, fonte qualificada da administração do banco central avança à FORBES que, com a taxa BNA fixada actualmente nos 20%, a subida da LUIBOR nos 17,04% está em linha com a programação daquele organismo. “Para o crédito ao sector real, os fundos são deduzidos das reservas obrigatórias, não havendo qualquer risco de liquidez. Note-se que se trata ainda de uma taxa de juro negativa”, disse a fonte.
Questionado se a subida da LUIBOR que, em princípio, vai encarecer os empréstimos na banca, não vai afectar ou comprometer as metas do Aviso 10/20, a fonte garantiu que, quanto ao crédito ao sector real, este “tem evoluído de modo muito positivo”, apontando para o último balanço do Aviso 10, referente a Julho deste ano, que contabilizou um total de 18 novos créditos ao sector real da economia.
As taxas LUIBOR são várias, com maturidades de 1 dia (Overnight) até 12 meses. Normalmente, quando alguém vai ao banco pedir crédito, a instituição bancária cobra-lhe uma taxa LUIBOR mais uma margem que depende do risco do cliente.