Os 20 bancos comerciais angolanos que participam do programa de crédito do Aviso nº 10 do Banco Nacional de Angola (BNA) já desembolsaram um total de 326,82 mil milhões de kwanzas até Julho, correspondentes a um crescimento de 10,42% face ao total registado no mês anterior, com os bancos de Negócio Internacional (BNI) e o Yetu a serem os únicos que até agora honraram com o mínimo de projectos que devem ser financiados imposto pelo banco central.
Os dados constam do último balanço do programa e dão ainda conta de que, em Julho, as 20 instituições bancárias desembolsaram um total de 18 novos créditos ao sector real da economia. Em termos de valor financeiro, o total de crédito já desembolsado corresponde a 578,19 mil milhões de kwanzas (equivalente a 905,37 milhões de dólares).
Com os 18 novos créditos concedidos em Julho, sobe para 284 o total de empréstimos concedidos, dos quais 205 com desembolsos efectivos.
De acordo com o balanço, entre os tipos de empresas beneficiárias de crédito, as grandes aparecem à frente, com 59,17% dos fundos desembolsados, correspondentes a 193,40 mil milhões de kwanzas, seguidas das médias, com 38,53% (125,92 mil milhões de kwanzas) e das pequenas e micro empresas, com 1,83% (5,98 mil milhões de kwanzas) e 0,47% (1,53 mil milhões de kwanzas), respectivamente.
Se as grandes empresas lideram nos fundos absorvidos, em termos de número de projectos, o destaque vai para as médias, com 48%, equivalentes a 95 projectos, seguida das pequenas, com 24% (47 projectos) e das grandes e micro empresas, com 16% (31 projectos) e 14% (27 Projectos), respectivamente.
BNI e Yetu na linha da frente
Esta é a terceira vez que as estatísticas do banco central sobre o grau de cumprimento do Aviso n. º10/2020, de 3 de Abril, inscreve apenas dois dos 20 bancos comerciais na lista dos que já cumpriram a meta de projectos mínimos a desembolsar. Trata-se do Banco de Negócios Internacionais (BNI) e do Banco Yetu, que estavam obrigados a financiar, ambos, 20 projectos.
Mas os dois bancos foram mais longe. No caso do BNI, já efectivou, até Julho, créditos para 25 projectos, quando o mínimo exigido pelo regulador do mercado são 20. Já o Yetu, de Elias Piedoso Chimuco (com 75,96% das participações), despachou fundos para 21 projectos, ou seja, mais um sobre o total a que estava obrigado.
A faltar três meses para o fim do programa, nem mesmo as instituições financeiras bancárias com maior activo líquido do sistema nacional, o BAI e BFA, fecharam pelo menos metade do total de crédito a que estão obrigados a conceder pela directiva do BNA.
O BAI e o BFA estão obrigadas a assegurar a contratualização de um mínimo de 50 novos créditos, mas, até Julho, só tinham efectivados 24 e 11 empréstimos, respectivamente.
Por conta disso, e devido ao facto de, no início do programa ter havido bancos que mostram resistência, o banco central estendeu o prazo para finais de Dezembro do ano que corre, quando, inicialmente, a meta era Abril deste ano, ao que os bancos consideraram como um ultimato.
Fontes bem posicionadas na administração das duas instituições [BAI e BFA] convergem no ponto de que “a qualidade dos projectos apresentados pelos empresários vai continuar a determinar a forma de resposta da banca”. Por exemplo, a fonte do BFA chegou a apontar que parte dos projectos apresentados estão fora da estratégia do programa do ‘Aviso 10’ e são solicitados para financiar iniciativas previstas na norma, além de que os seus promotores nunca tinham trabalhado no sector a que se propõe investir.
As justificações da recusa ou recuo das propostas não se esgotam por aí. Também uma fonte do Banco Comercial do Huambo (BCH) revelou à FORBES que há proponentes de créditos que solicitam financiamento cujos valores ultrapassam os 2,5% dos activos das instituições financeiras contrariamente ao que prevê o ‘Aviso 10’. “Recebemos alguns clientes que nos solicitam informações do Aviso, mas alguns não apresentam perfil adequado de empresário ou gestor e outros parecem-nos apenas ser ‘testas-de-ferro’”, conta a fonte.