Ao longo dos seus 25 anos de existência, e apesar das dificuldades económicas, políticas e sociais que alguns dos Estados-membros enfrentaram, agora agravadas fortemente pela pandemia da Covid-19, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) registou avanços na persecução dos objectivos que justificaram a sua fundação. Quem o diz é o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
No discurso que marcou o início dos trabalhos da XIIIª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, o Presidente cessante da CPLP indicou, para justificar, progressos alcançados nos domínios da concertação política e diplomática, “que permitiu uma melhoria significativa na afirmação dos países-membros na cena internacional”, tendo realçado o acesso a importantes cargos em organizações internacionais de enorme valência, com significativo impacto nos destinos dos Estados e povos do mundo.
“Na verdade, inúmeras candidaturas à vários cargos internacionais foram objecto de consenso e solidariedade entre todos os Estados-membros e geraram dinâmicas ganhadoras com benefícios claros e firmes para todos. Em várias matérias de ordem política, com impacto internacional, os Estados-membros falaram à uma só voz, ganhando dimensão e influenciando os acontecimentos”, sublinhou.
De acordo com Jorge Fonseca, hoje existe muito maior cumplicidade política entre os Estados-membros. “Ouvir, informar, partilhar ideias e preocupações, fortaleceram os laços de amizade e de cumplicidade, factores essenciais para coesão da nossa comunidade política”, considera.
Na opinião do Chefe de Estado cabo-verdiano, ao longo dos tempos, não só se intensificaram as relações entre os Estados-membros, mas também entre as organizações da sociedade civil, tendo se aprofundado o conhecimento mútuo. Segundo diz, “quase todos os sectores da vida pública dos países que integram a CPLP têm se encontrado, conversado, partilhado ideias e projectos na busca de soluções comuns, justiça, segurança, saúde, formação profissional, em diante, energias renováveis, recursos hídricos, agricultura, economia marítima, educação, ciência e tecnologia”.
Sociedade civil ganhou voz na CPLP
A par do desenvolvimento das relações entre as instituições estatais, o Presidente cessante da CPLP garante ter-se gerado um movimento crescente de aproximação e colaboração entre organizações da sociedade civil, que gradualmente vai criando redes de contacto entre instituições e cidadãos, contribuindo para reforçar os laços de amizade e cooperação entre povos. Como prova disto, aponta que actualmente mais de 80 organizações da sociedade civil que actuam nos mais variados países, gozam de estatuto de observadores consultivos da organização comunitária.
“Acredito firmemente que este potencial, tanto quanto o prestígio granjeado pela comunidade, são responsáveis pelo interesse de estados terceiros em aproximarem-se dela. É que hoje juntos formamos um espaço linguístico e cultural com forte potencial geoestratégico e geoeconómico, um espaço de atracção”, afirma.
A Comunidade de Países de Língua Portuguesa tem hoje 18 países observadores associados, oriundos de diversos continentes, e uma organização continental internacional, sendo que, a fazer fé nas palavras de Jorge Fonseca, muitos outros são os que pretendem aceder a tal estatuto, no intuito de aprofundar a concertação e a cooperação com os países-membros.
Por outro lado, o Chefe de Estado de Cabo Verde considera que a promoção da Língua Portuguesa tem conseguido avanços importantes, tanto no plano sobre o ensino nos Estados-membros, quanto na sua utilização internacional. Conforme avança, os esforços feitos junto de organizações internacionais têm dado frutos “e hoje o português já é conhecido como língua de trabalho em várias organizações internacionais e regionais”.
A concluir, Jorge Fonseca diz não ter dúvidas de que a solidariedade é um dos valores que encontra tradução prática na CPLP e que os Estados-membros têm reiterado o compromisso de cooperarem em todos os domínios, apoiando o desenvolvimento dos países menos avançados, através de acções prioritárias de cooperação, particularmente no combate à pobreza e às doenças, bem como de promoção da escolaridade e do emprego, tendo para tal se dotado da nova visão estratégica para o decénio 2016-2026.