O Corredor do Lobito em Angola vai movimentar três milhões de toneladas de carga nos próximos dez anos, com a passagem da sua gestão para o consórcio TVM, constituído pelas empresas Trafigura (suíça), Vecturis (belga) e a Mota-Engil (portuguesa).
A previsão foi avançada nesta Sexta-feira, 4, pelo representante do consórcio, Alexandre Canas, depois da assinatura com o Ministério dos Transportes, de Angola, do contrato de concessão para a gestão do corredor do Lobito para 30 anos, com mais 20 de opção, caso o TVM opte por construir o ramal ferroviário de Luacano (Moxico) para Jimb (Zâmbia).
“Em termos de volume [de carga], vamos atingir, nos primeiros dez anos, 3 milhões de toneladas”, disse o responsável, acrescentando que para alcançar esta meta vão investir 170 milhões de dólares em locomotivas e vagões e 166 milhões de dólares para a melhoria e expansão das infra-estruturas.
No total, o consórcio vai aplicar em investimentos 450 milhões de dólares no projecto que prevê a implementação de várias infra-estruturas ao longo dos 1.289 quilómetros da sua extensão, entre eles a academia para a formação dos técnicos angolanos, para que o corredor do Lobito dispute em igualdade com as outras cinco infra-estruturas em África.
“Vai ser um desafio nosso tornar este corredor competitivo para poder atrair a carga, porque hoje ela vai para os outros corredores. O dia que o corredor do Lobito funcionar, os outros corredores também vão querer ganhar em competitividade, observou o porta-voz do TVM, realçando que “vai ser uma luta e um trabalho constante”.
Estado angolano encaixa 100 milhões de dólares de prémio de assinatura
Com a assinatura do contrato de concessão para a gestão do corredor do Lobito, o Estado angolano encaixa 100 milhões de dólares de prémio, valor que será repartido com o Tesouro Nacional.
“Exactamente 40% deste valor vai para a Conta Única do Tesouro (CUT), enquanto os outros 60% serão usados como recursos próprios do sector para algumas actividades e projectos que tem em carteira”, detalhou o director Nacional das Economias das concessões do Ministério dos Transportes, Eugénio Fernandes.
O responsável garantiu que se trata de um bom negócio, uma vez que o Estado poderá usar o investimento que será feito pelo consórcio vencedor em actividades doutros sectores, nomeadamente o da saúde e o da educação.
“Nós acreditamos que esta concessão será uma mais-valia, não só ao nível de investimento, mas também na questão da capacitação humana. Olhamos muito para o valor do investimento e claro que foi benéfico para nós porque o valor era mais reduzido. Foi uma das questões discutida e conseguimos chegar a este acordo”, referiu.
Com a transferência da operação, exploração e a manutenção do transporte ferroviário de mercadorias, assim como a manutenção de toda a infra-estrutura ao consórcio TVM, o governo angolano prevê arrecadar mais de 2 milhões de dólares em rendas pagas durante os 30 anos, contribuindo entre 1,6 milhões de dólares a 3,4 milhões de dólares para o Produto Interno Bruto (PIB).