Apesar de terem sido tomadas medidas para minimizar o choque da oferta registado, sobretudo, no primeiro trimestre do ano em curso, as pressões inflacionistas persistem e revelam-se maiores que o esperado. A variação mensal do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) continua acima dos 2%, sem sinal de abrandamento.
Impulsionada, fundamentalmente, pela classe de Alimentação e Bebidas não-alcoólicas com uma contribuição média, nos cinco primeiros meses do ano, que ronda 70% da inflação total, a variação do IPCN acumulada até Maio de 2021 atingiu 9,84%, sendo que a inflação a nível nacional nos últimos 12 meses situou-se nos 24,94%, e as indicações referentes à primeira quinzena de Junho apontam para a manutenção da tendência desfavorável de evolução dos preços.
De resto, a evolução da inflação, obrigou a antecipação da reunião do CPM, agendada inicialmente para 29 de Julho. Reunida nesta Sexta-feira, 02, o órgão que vela pela política monetária do banco central, depois de ter analisado o enquadramento da taxa BNA no actual cenário e considerando que o intervalo entre essa taxa e a de inflação tem-se alargado de modo negativo, decidiu aumentar a taxa básica de Juro, Taxa BNA, de 15,5% para 20%.
“No início de 2018, o Banco Nacional de Angola definiu a base monetária como principal variável da política monetária, e as medidas de controlo dessa variável resultaram na redução da inflação de 22,72% em Janeiro de 2018 para 16,90% em Dezembro de 2019. Entretanto, desde o início de 2020, coincidente com a ocorrência da pandemia, tem-se verificado um aumento persistente da inflação que exige a tomada de medidas adicionais”, afirmou José Massano, Governador do BNA, em conferência de imprensa.
O órgão regulador do mercado bancário subiu também a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 19,88% para 25%, bem como a passou de 12% para 15% a taxa de Juro da facilidade Permanente de Absorção de Liquidez de sete dias. Entretanto, o banco central optou por manter inalterados os coeficientes das reservas obrigatórias, em moeda nacional e moeda estrangeira, em 22%, assim como optou por não alterar os termos e condições de estímulo ao crédito ao sector real da economia por via do Aviso n.º 10/20.
Com estas medidas, justifica o BNA, pretende-se inverter a trajectória da inflação de forma a atingir o objectivo estabelecido para o final de 2021 (19,5%), reduzir as distorções existentes no corredor da política monetária, colocando a taxa directora a um nível intermédio das facilidades de cedência e de absorção de liquidez. Procura-se igualmente melhorar as condições monetárias para uma actividade de intermediação financeira mais eficiente, estimulando a poupança e a estabilidade cambial, sem colocar em risco o investimento e a actividade creditícia, principalmente de apoio ao sector real da economia, indicou José Massano.