A realizadora Inês Ventura apresenta neste Domingo o seu mais recente curta-metragem documental, “Contra a Maré”, no Cinema Fernando Lopes, em Lisboa. O filme, que mergulha no cotidiano da Guiné-Bissau, foca-se na resistência e esperança do povo guineense, num contexto marcado por dificuldades sociais e políticas, mas com uma vontade inquebrantável de mudança.
“Contra a Maré” nasceu de um convite feito por Inês Ventura e pelo fotojornalista Mário Cruz – responsável pela fotografia da curta – pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) e pela Fundação Fé e Cooperação (FEC), duas ONGD com projectos de desenvolvimento na Guiné-Bissau. Ambas as instituições trabalham na campanha “tODxS pela Educação para o Desenvolvimento e a Cidadania Global”, que pretende promover a consciencialização para os desafios de desenvolvimento e cidadania global.
Em quase 19 minutos, o curta-metragem reúne 14 depoimentos que abordam temas fundamentais como educação, saúde, direitos humanos e meio ambiente. “Foi um grande desafio condensar num documentário curto o estado atual da Guiné-Bissau, sem esconder os seus problemas, mas destacando o lado positivo da resistência social”, explica Inês Ventura. De acordo com a realizadara, embora a situação do país seja muito difícil, são sobretudo os jovens guineenses que demonstram uma esperança renovada para o futuro.
Segundo Inês Ventura, a juventude guineense busca recuperar os ideais de Amílcar Cabral e, mesmo num país onde o Estado está ausente em necessidades básicas, há um notável movimento de resiliência e resistência. “Neste documentário, espero conseguir mostrar essa vontade que ainda existe na sociedade civil. Onde há desesperança, há também um desejo profundo de mudança”, afirma a realizadara.
Apesar de ser sua primeira visita ao país, Ventura sente-se tocada pela determinação dos jovens, embora reconheça os desafios políticos que enfrenta. A situação política atual é, para ela, uma entrada, com sinais de crise democrática e limitações à liberdade de expressão. Neste contexto, Inês destaca o trabalho da Liga Guineense dos Direitos Humanos, que tem atuado como uma força crítica, denunciando situações de injustiça e abusos de poder no país.
O curta-metragem é uma produção da Narrativa, do Instituto Marquês de Valle Flôr e da Fundação Fé e Cooperação, e estreia num momento particularmente conturbado na Guiné-Bissau. O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento em dezembro, apenas seis meses após as eleições legislativas, e, apesar de ter marcado novas eleições para o próximo dia 24 de ovembro, ainda não foi divulgada a lista oficial de partidos e coligações concorrentes .





