A consultora Oxford Economics alertou nesta Segunda-feira para a possibilidade de os doadores e investidores internacionais retirarem o apoio financeiro a Moçambique se a instabilidade continuar para lá do primeiro trimestre devido à “opressão” do Governo.
“O maior risco é que os protestos ganhem dimensão para além do primeiro trimestre deste ano se o líder da oposição, Venâncio Mondlane, não alcançar um compromisso com o Presidente eleito, Daniel Chapo”, escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica numa nota sobre a evolução do índice que mede a atividade empresarial.
Neste cenário, acrescentam, “os doadores e investidores internacionais podem responder à maneira opressiva como o Governo tem lidado com a situação retirando o financiamento externo”, de que Moçambique depende para equilibrar o orçamento e financiar o desenvolvimento económico enquanto espera pelas receitas da exportação de gás natural, principalmente no norte do país.
O impacto económico da violência dos últimos meses “é difícil de estimar em tempo real, mas haverá certamente impactos no comércio, na atividade mineira, de produção, transportes e turismo” no último trimestre de 2024 e no princípio deste ano, dizem os analistas no comentário à evolução da economia moçambicana, enviado aos investidores.
No mês passado, a Oxford Economics já tinha baixado a previsão de crescimento da economia, de 4,4% em 2024 para 4% e de 4,1% este ano, para 3,4%, precisamente devido à crise que o país atravessa.
O índice PMI de atividade empresarial em Moçambique sofreu em Dezembro a “pior contratação mensal” desde agosto de 2020, devido à tensão pós-eleitoral no país, segundo o Standard Bank, que conduziu o inquérito.
“As empresas do sector privado moçambicano relataram uma maior deterioração das suas condições no último mês de 2024, tendo a produção e as carteiras de encomendas sido de novo afetadas negativamente por protestos e greves. A procura pelos clientes diminuiu ao ritmo mais elevado em quatro anos e meio, causando reduções adicionais nas aquisições, nos ‘stocks’ e nos efetivos”, lê-se no estudo, divulgado hoje.
No documento, citado pela Lusa, acrescenta-se que o principal indicador do PMI desceu mais dois pontos em dezembro, situando-se “bem dentro do território de contração”, pelo segundo mês consecutivo, descendo de 48,4 em Novembro para 46,4 em Dezembro.