O presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) afirmou, em Lunda, que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia está a impactar a económica moçambicana e a influenciar o crescimento das taxas de juro.
Durante o debate sobre o “Crescimento do Mercado Accionista nas Bolsas PALOP”, realizado na passada Quarta-feira, 15, no âmbito do IV Fórum BODIVA 2023, Salim Valá revelou que as consequências da guerra estão a pressionar de forma significativa o mercado de capitais.
Por outro lado, o presidente da BVM informou que actualmente a instituição, que completa 25 anos de funcionamento efectivo em Outubro próximo, tem 12 empresas cotadas que actuam em vários ramos, sendo oito no Mercado de Cotações Oficiais, uma no Mercado Secundário e três no Terceiro Mercado de Bolsa.
Entretanto, tal como Angola, diz o gestor, o mercado moçambicano também tem sido muito dominado por Obrigações do Tesouro, principalmente nos últimos anos. “Em virtude do trabalho de consolidação fiscal que está a ser feito, ainda há muita pressão nas despesas, o que tem levado o Estado a recorrer ao mercado interno para se financiar. Mas temos vindo a conhecer um certo movimento e dinamismo, sobretudo pelo interesse das empresas do sector da indústria em fazerem parte do mercado de capitais”, explicou.
A Bolsa de Valores de Moçambique realizou, em Janeiro último, uma sessão especial, em que foi admitida a empresa Tropigalia, através de uma operação que garantiu a emissão de 2.819.203 novas acções, representando 1.083 investidores, provenientes de todas as províncias do país, o que permitiu a arrecadação de cerca de 5,5 milhões de dólares para a instituição.
Na ocasião, Salim Cripton Valá sublinhou que a admissão à cotação das acções da Tropigalia revestia-se de uma “importância especial, por tratar-se da primeira sociedade completamente privada a apostar numa oferta pública, por ocorrer num momento de múltiplos choques externos (económico, pandemia da Covid-19 e conflito geopolítico no Leste Europeu), e pelo facto de muitas empresas moçambicanas estarem ainda deprimidas”.
Entretanto, para este ano, o presidente do conselho de administração da BVM desafia todas as empresas constantes na lista das 100 maiores, entre instituições bancárias e seguradoras, parcerias público-privadas e grandes projectos e concessões empresariais, empresas de telefonia móvel, do complexo mineral-energético, agronegócio, do turismo, da indústria e dos serviços, da tecnologia e das infra-estruturas e as PME, a usarem o mercado de capitais e a BVM “como mecanismo de popularizar e democratizar o capital no país e de mostrar ao mundo que estão e querem continuar a fazer negócios com ética, responsabilidade e boa governação”.