“O Futuro na Lista de Espera” é o título da exposição do colectivo Weitinglist, constituído pelo casal de artista plástico Mussunda Nzombo (angolano) e Manuela Grotz (alemã), inaugurada na última Quarta-feira, 18, no Salão Internacional de Exposições do Museu Nacional de História Natural (SIEXPO), em Luanda.
A exposição, com um total de vinte obras sem títulos e que estará patente até ao próximo dia 10 de Novembro, traz pela primeira vez para Angola a arte digital regenerativa de inteligência artificial e realidade aumentada interactiva, desafio de ruptura e auto-reinvenção diferente ao que Mussunda habitualmente faz, aglutinado a performance ao happening, ao vídeo e à instalação.
Entretanto, a abordagem visual das obras é um mundo imaginário, onde são figuras centrais os próprios autores, que constitui uma visão crítica estabelecida a partir da intertextualização entre conceitos simbólicos de elementos da natureza (água, o ar, a terra e o fogo), indústrias da moda, política, ambiente, arquitectura e sociedade, levando assim o espectador a envolver-se, reflectir e debater sobre o impacto e as transformações que as actividades humanas podem causar ao futuro.
Em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, Mussunda Nzombo referiu que assume uma personagem do futuro que permitiu começar uma nova trajectória, criando o calendário 2075, em que se propõe em ser Presidente da República de Angola na terceira via.
“Esses discursos já estão todos emanados. Com esta partilha e colaboração com a artista alemã e com os dotes da inteligência artificial, conseguimos criar uma Angola fictícia que eu possa entregar com todos pormenores. Claro que já não estarei vivo nesse momento”, contou o artista angolano.
Mussunda Nzombo defende que, no que diz respeito à inteligência artificial, “Angola não pode continuar sempre na lista de espera”, sendo que o país enfrenta problemas de saúde educação, mobilidade e tecnologia.
Por sua vez, a artista Manuela Grotz espera que os visitantes possam entrar em dialogo com as imagens e que abram a possibilidade de atribuir um titulo a cada obra da exposição, “O Futuro na Lista de Espera”, que pode ser visitada de Segunda-feira a Sexta-feira, das 8h00 às 15h00.
Segundo o curador da exposição, Kabudi ELY, detalha que esta forma do colectivo expôr o mundo à pala de inúmeras experiências da actualidade, elegendo com base em quatro elementos da natureza lhe faz revisitar, em contraponto, a antiguidade filosófica grega cosmogónica pré-socrática do século VII a.c., que tinha como ferramenta reflexiva os mesmos elementos da natureza para compreender o universo.
“Encontramos, pois, no epicentro, o ciclo industrial têxtil e mercadológico da moda como forma de expressão e influência política, como a segunda maior poluidora do ambiente apenas superada pela indústria petrolífera, tendo África como grande deposito dos seus resíduos, tal como inquietações socioeconómicas e políticas que engajam-nos a participar e a trabalhar nas soluções, independentemente da actividade em que estamos inserido, tendo como mote a construção de um futuro mais sustentável”, completou.
Durante a abertura da exposição, em representação do Ministro angolano da Cultura e Turismo, o director nacional para os Assuntos Religiosos, Adilson de Almeida, considerou ser uma iniciativa saudável, uma vez que garante a oportunidade de o museu acolher pessoas para perceberem a inteligência artificial e o cuidado sobre a natureza.