África deve contar, nos próximos tempos, com um mecanismo de liquidez que lhe permita fazer face a futuras pandemias, por via da unidade entre os Estados do continente. A estratégia foi sugerida pelo presidente do Banco Africano de Importações e Exportações (Afreximbank), Benedict Oramah, para quem a pandemia da Covid-19 está a custar caro muitos países da região.
De acordo com o executivo do Afreximban, o objectivo é preparar o continente para futura crises de saúde ou catástrofes de vária orde, através da criação do Mecanismo de Resposta a Emergências de Saúde em África.
Pelas contas de Benedict Oramah, as pandemias têm um custo “extremamente elevado”, pelo que África não deve isolar-se ou estar à margem da estratégia global de combate às crises. “Estima-se, por exemplo, que a actual pandemia da Covid-19 tenha custado ao mundo cerca de 11 biliões de dólares”, disse o banqueiro, que sublinhou o impacto “muito elevado” da pandemia em perdas nas exportações, no comércio, no produto interno bruto.
Benedisct Oramah também lembrou que um estudo recente da consultora McKinsey sugeriu que investir entre 85 e 130 mil milhões de dólares nos próximos dois anos e de 20 a 50 mil milhões por ano – o equivalente a cinco dólares por ano por pessoa – depois disso permitiria reduzir significativamente a probabilidade de novas pandemias.
Aliás, já no passado os países responderam, individualmente, às pandemias de forma reactiva, mas alertou que a pandemia da Covid-19 mostrou que “o tamanho importa”. “Para os países mais pequenos é muito difícil comprar até materiais básicos para conter o vírus, equipamento de protecção individual, e é-lhes muito difícil aceder ao mercado. Isso diz-nos que é tempo de sermos estratégicos no que queremos fazer”, avisou o responsável da instituição de financiamento do comércio pan-africana.
Na visão de Oramah, as pandemias distorcem o mercado e perturbam as cadeias de abastecimento, além de ter recordado que a primeira coisa que acontece é que os mercados financeiros e de capitais se fecham, tornando extremamente difícil o acesso ao financiamento.
“Outro aspecto que temos de ter em mente (…) é que África é um continente de 55 países atomizados e fragmentados que têm economias muito pequenas e outras relativamente maiores”, afirmou o chairman daquela entidade financeira africana, sublinhando que as grandes economias não são mais do que 10 e que, quando chega uma pandemia, “o tamanho é muito importante para negociar aquisições de suprimentos”.
Após apresentar várias possibilidades para a constituição de um Mecanismo de Resposta a Emergências de Saúde em África, Oramah defendeu ainda a criação de um mecanismo de liquidez em ‘stand-by’ a ser operacionalizado por uma instituição pan-africana ou um consórcio em que cada país participante receba um crédito com um limite previamente estabelecido em troca do pagamento de taxas de compromisso.