O stock da dívida pública de Cabo Verde aumentou em Julho para mais de 269.258 milhões de escudos (2.427 milhões de euros), o que equivale a 153,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país estimado para 2021, tendo as consequências da crise económica provocada pela pandemia da Covid-19 como principal impulsionador deste resultado, refere o relatório síntese da execução orçamental, chegado à imprensa.
Até Julho, a dívida pública contraída internamente valia o equivalente a 47,3% do PIB cabo-verdiano (42,7% em julho de 2020), aumentando para mais de 82.986 milhões de escudos (748 milhões de euros), enquanto a dívida externa valia 106,3% (107,7% em 2020), equivalente a 186.672 milhões de escudos (1.683 milhões de euros).
O relatório consultado pela LUSA dá conta que com uma recessão económica de 14,8% em 2020, o rácio do stock da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio ultrapassou, pela primeira vez, os 100% do PIB em 2013, mas estava em queda na anterior legislatura (2016-2021), até ao início da pandemia de covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano, já que continuava a crescer em termos absolutos.
Face à crise económica, com quebra nas receitas fiscais e a necessidade de aumento de apoios sociais e às empresas, o Governo está a recorrer desde abril de 2020 ao endividamento público para financiar o funcionamento do Estado, através de empréstimos internacionais e pela emissão de títulos do Tesouro no mercado interno.
O alívio, restruturação ou perdão da dívida externa de Cabo Verde é um objectivo de curto prazo assumido pelo Governo, que tem estado em conversações com credores internacionais, nomeadamente Portugal, para libertar recursos financeiros para a retoma económica após a pandemia.
Outrossim, a principal consequência económica da pandemia de covid-19 no país prende-se com a ausência quase total do turismo, desde Março de 2020, sector que antes garantia 25% do PIB do país, com a inerente forte quebra de receitas fiscais e consumo.