O recente mais recente relatório do Banco Mundial (BM) denominado “Cabo Verde Economic Update 2020”, publicado neste mês, estima que a economia cabo-verdiana deverá “começar a recuperar gradualmente” este ano, apoiada na retoma dos fluxos turísticos no último trimestre, “e atingir uma taxa média de crescimento de 5,1% entre 2021 e 2023”.
O Banco Mundial defende que Cabo Verde precisa promover a sustentabilidade fiscal e da dívida no rescaldo da pandemia e que para regressar a uma postura prudente de política fiscal deverá impulsionar reformas que aumentem a cobrança de receitas, priorizem a saúde e as despesas de capital e reestruturem a gestão dos riscos fiscais.
No documento, o BM recomenda ainda que sugere ainda que para melhorar a gestão da dívida e a transparência é necessário continuar a implementar um limite zero de endividamento não concessional, publicar e melhorar o conteúdo dos boletins trimestrais do sector empresarial do Estado e alargar a cobertura da dívida pública.
A instituição financeira refere que a actividade económica em Cabo Verde contraiu 14,8% em 2020, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior, traduzindo-se na “maior [recessão] de sempre e a segunda maior na África Subsaariana”.
O relatório destaca como factores principais que contribuíram para esta contração económica a paragem do sector do turismo durante nove meses (desde março de 2020) e as repercussões negativas associadas nos sectores a montante, bem como a forte contração do consumo privado “em resultado de medidas rigorosas de contenção interna para evitar a propagação” da pandemia no arquipélago.
Para o Banco Mundial, o modelo de desenvolvimento de Cabo Verde “é caracterizado por uma dependência excessiva do turismo”, que representava um peso de 25% do PIB, com uma “grande presença do Governo na economia” e “grandes fluxos” de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) “direccionados para hotéis com tudo incluído e pouca ligação a outros setores da economia”.