O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, apelou, há dias, à transformação da dívida dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS) em investimentos climáticos, recordando que Cabo Verde precisa de 2.000 milhões de euros para cumprir o Acordo de Paris.
Durante a sua intervenção na 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito, o chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves, referiu que para uma governação climática efectiva o país está a contar com o apoio dos principais parceiros de desenvolvimento e espera poder aceder mais facilmente aos fundos estabelecidos para o efeito. “Para os países SIDS, como Cabo Verde, é vital que possam ter acesso aos financiamentos globais”, defendeu José Maria Neves.
De acordo com o presidente de Cabo Verde, para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), o país precisa mobilizar cerca de 2.000 milhões de euros nos próximos dez anos.
José Maria Neves afirmou que no contexto actual apela a comunidade internacional considerar a possibilidade de transformar a dívida dos SIDS em investimentos climáticos na educação, na saúde e no combate à pobreza e às desigualdades.
O Acordo de Paris, em vigor desde 2016, visa alcançar a descarbonização das economias mundiais e estabelece, como um dos seus objectivos de longo prazo, o limite do aumento da temperatura média global a níveis abaixo dos 2 graus centígrados, acima dos níveis pré-industriais.
Determina ainda que se prossigam esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus centígrados, reconhecendo que isso reduzirá significativamente os riscos e impactos das alterações climáticas.
Para tal, o Acordo de Paris exige que as partes envidem os seus melhores esforços de mitigação através da NDC e que reforcem progressivamente esses esforços, a cada nova submissão das suas contribuições.
De acordo com José Maria Neves, “Cabo Verde não se tem poupado a esforços no sentido de minimizar os impactos das mudanças climáticas por meio de acções planeadas e concertadas, como a redução das emissões de gases de efeito de estufa, já diminutas, em até 35% até 2030, implicando maior penetração de energias renováveis e circulação de baixo carbono mediante a introdução de incentivos para veículos elétricos, principalmente no sector dos transportes públicos”.
Contudo, afirmou que Cabo Verde pouco ou nada contribui para o aquecimento global, mas que, “devido às suas vulnerabilidades, muito tem sofrido com as consequências deste fenómeno que chega a pôr em risco anos de progressos na caminhada rumo ao desenvolvimento sustentável do país”.