Os ex-funcionários da administração pública angolana e que agora recebem suas pensões de reforma no Banco de Poupança e Crédito (BPC) passam a contar com um total de cinco balcões específicos para o seu atendimento, um mecanismo criado para ajudar a descongestionar filas nas agências do banco e melhorar o atendimento, soube a FORBES da direcção de comunicação da instituição bancária.
Ao todo, serão abertos sete postos de atendimento específicos a pensionistas que recebem os benefícios de reformas naquele banco, numa estratégia que deve envolver sete das 18 províncias de Angola.
De acordo com o banco, o objectivo é dar comodidade no atendimento aos clientes em fase de reforma, utilizando os espaços vastos e vagos existentes nalgumas agências daquele banco de capitas público, o que, como prevê a estratégia, descongestionará o número de pessoas à boca das agências.
“Em termos de objectivos comerciais concretos, podemos dizer que não esperamos aumentar o volume de negócio com esta iniciativa; aqui o que está mesmo em causa é a comodidade deste segmento de clientes e a gestão do risco reputacional do banco”, explicou à FORBES o director de Comunicação e Marketing, José Matoso.
Apesar de não estarem projectados ganhos objectivos com a nova modalidade no atendimento a clientes pensionistas, o banco não descarta vir a absorver, com a iniciativa, ganhos indirectos. “Este tipo de iniciativa acaba por gerar retornos indirectos, através do goodwill (ganhos futuros) que se gera na sociedade”, atestou.
Na prática, os clientes particulares com rendimentos depositados no BPC, assim como os clientes pensionistas, deverão partilhar as mesmas instalações, mas com balcões específicos de atendimentos.
À FORBES, analistas não descartam o facto de o banco estar à procura da melhoria da sua imagem, que, como qualificam, “há muito está desgastada devido a inestimáveis problemas associados ao seu sistema operacional”, em grande parte provocada pela “incapacidade de resposta do banco face ao total de clientes de que dispunha”.
“O banco está pressionado a melhorar a sua imagem. Caso contrário, verá a sua carteira de clientes a esfumar-se para outras entidades congéneres. E isso já começou, com a expansão dos serviços de recebimentos das pensões de reformas noutros bancos do mercado nacional”, apontou um economista ligado à função pública angolana.
Para fazer materializar a iniciativa, o banco está a usar os espaços que existem dentro das agências que estão a funcionar. Ou seja, não estão a ser abertas novas agências, pelo que estão descartadas, para já, a possibilidade de contratação de nova mão de obra, o que também seria contrário à estratégia de redução de agências e corte no pessoal que o banco vem assistindo há vários meses.
“O que fazemos apenas é deslocar técnicos que estavam na zona normal da agência para ir para estes espaços. Não precisamos contratar ninguém”, clarificou Matoso, em resposta a uma pergunta da FORBES, sobre se o banco iria recuperar os quadros em via de afastamento do corpo de colaboradores daquela instituição bancária estatal angolana.
Com um total de activos na ordem dos 2,3 biliões de Kwanzas, o banco tem em curso um programa de reestruturação e revitalização do seu modelo de actuação na banca nacional, que prevê, entre outros, a redução de custos com serviços não essenciais, redução do pessoal e corte no número de agências que, em geral, não eram propriedades do banco.
Até Dezembro de 2020, o banco voltou a fechar o seu balanço com um prejuízo líquido de 524,9 mil milhões de Kwanzas, depois de em 2019 já ter inscrito, no seu balanço, um prejuízo histórico de 404,7 mil milhões.