A Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), na pessoa do seu presidente do conselho de administração, Miguel Monteiro, sugeriu a Angola, através da sua congénere, que estude a possibilidade de implementar o “financiamento sustentável” nos seus objectivos estratégicos.
De acordo com o gestor cabo-verdiano, que intervinha nesta Quarta-feira, 15, no debate sobre o “Crescimento do Mercado Accionista nas Bolsas PALOP”, durante a 4ª edição do “Fórum BODIVA 2023”, promovido pela Bolsa de Dívida e Valores de Angola, neste momento, não adianta emitir dívida tradicional às obrigações.
No seu entender, Angola, enquanto um país com uma grande potencialidade, pode colher vários benefícios com a implementação do financiamento sustentável, como acesso à taxa de juro mais baixas, por via dos financiadores internacionais. “Os financiadores estão disponíveis a receber valores mais reduzido em relação à média de um determinado país, por causa da preocupação com a sustentabilidade”, frisou.
Olhando para a taxa de inflação em Angola, Miguel Monteiro, que passou a experiência da sua instituição, acredita que seria possível o país e as empresas financiarem-se a nível da sustentabilidade, com obrigações verdes e azuis ou mesmo sociais.
Questionado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA sobre este assunto, o presidente da Comissão Executiva da BODIVA – Bolsa de Dívida e Valores de Angola, Walter Pacheco, afirmou que as acções que têm a ver com a sustentabilidade “estão implícitas” no plano estratégico da instituição. “Para Cabo Verde, que é um país em que 90% é mar, é normal que que estejam com um modelo de financiamento alinhado ao mar”, sustentou.
Sendo que a BODIVA está numa fase de desenvolvimento, assegurou o seu PCE, precisa financiar grandes projectos de cimenteira, ferro, aço, minas, entre outros. No entanto, alegou, para que se possa efectivar, o financiamento não será sustentável. “O modelo de Angola tem que ser diferente de Cabo Verde”, defendeu Walter Pacheco.
Já o presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, recomenda a BODIVA – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados – a estar mais focada na expansão do mercado accionista. “O trabalho tradicional da bolsa de valores é a compra e venda de acções e títulos”, lembrou Salim Valá.
O PCA da BVM reconheceu, no entanto, a experiência da BODIVA no mercado das obrigações de tesouro, tendo manifestado o interesse da sua instituição na troca de ideias com a Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados angolana, sobre a abertura do capital de empresas do Estado.
Para Salim Valá, o mercado bolsista dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ainda enfrenta desafios tecnológicos e de ter empresas e mais investidores a usarem as plataformas da bolsa, uma vez que, diz, tradicionalmente o sistema financeiro é muito dominado pelos bancos.
“Temos que continuar a lançar mais serviços, produtos, instrumentos financeiros, bem como promover a educação financeira, para que os cidadãos moçambicanos, cabo-verdianos e angolanos conheçam melhor a bolsa, o mercado de capitais e a forma de aceder”, apelou.