Algumas semanas após ter dado como encerrada a Agência de Pagamentos de Angola, RealTransfer, por alegada iniciativa dos accionistas, que teriam anunciado “dissolução voluntária”, o Banco Nacional de Angola (BNA) recuou e recoloca a empresa em cena e na lista de instituições financeiras não-bancárias autorizadas a fazer negócio no país, anunciou o próprio órgão regulador do mercado numa nota de aditamento.
“Em aditamento ao nosso ofício sob referência 84/DRO/21, datado de 30 de Setembro de 2021, serve o presente oficio para informar a v/Exas. que, resultante da informação adicional prestada pela RealTransfer, Agência de Pagamentos de Angola Lda., a instituição financeira não bancária de direito angolano, contribuinte fiscal nº541028959 (…) mantém-se em actividade, ficando sem efeito a nossa anterior comunicação”, refere o BNA em nota datada de 05 de Outubro e assinada por responsáveis do Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro.
Entre os serviços operados pela Agência visada estão as transferências para o exterior, ordens de pagamentos e demais prestações de serviços no segmento financeiro e áreas conexas, de acordo com vários clientes, entre os quais empresários.
Por altura do primeiro ofício que dava conta do encerramento da empresa, os agentes económicos e vários analistas consultados pela FORBES associavam a queda da entidade à crise por que passam vários operadores desse segmento de actividade. Na visão dos analistas, a instituição seguia o mesmo rumo de um grupo de mais de dez entidades que decidiram pôr fim às operações no mercado angolano, por razões diversas, em que se destaca a crise económica e financeira.
Entretanto, a FORBES apurou que, entre as causas do anúncio de ‘encerramento’ da RealTransfer pelo banco central, está o facto de um grupo de accionistas ter decidido liquidar a empresa, mas que, no entanto, teve resistência da outra parte dos sócios. Ao aperceberem-se de que um grupo pretendia acabar com a empresa, a ala favorável ao negócio remeteu carta ao banco central a avisar que não houve consenso de encerramento da actividade no país, o que terá levado o órgão regulador a recuar.
Na semana em que foi anunciado o abandono da entidade do mercado angolano, o banco central também avisava os agentes económicos para se absterem de realizar actividade económica ou a manter qualquer relação de negócio com a mesma, como forma de prevenir fraude ou qualquer perturbação ao mercado financeiro angolano, determinação que, para já, fica anulada.