Informações sobre o mercado bancário que circulam nos últimos tempos têm levantado entre a população, no geral, alguma inquietação ligada a estabilidade do sistema financeiro nacional. Entre os casos conhecidos que, de certa forma, mais preocupações levantam, está a situação do Banco Económico e do Banco de Poupança e Crédito, ambos a precisarem de recapitalização.
Numa conferência de imprensa realizada há dias, o órgão regulador do mercado bancário e financeiro diz estar a trabalhar numa “proposta de solução” para a recapitalização do Banco Económico, “que virá efectivamente a tornar este assunto tratado”, cuja conclusão está para breve.
De acordo com o vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Rui Miguêns de Oliveira, se tem vindo a trabalhar com o Económico no sentido de se encontrar uma solução para a recapitalização daquela instituição bancária, mas que o espaço que se encontrava na Lei das Instituições Financeira que vigorou, até bem pouco tempo, condicionava esse exercício.
“A Lei das Instituições Financeira, que estava em vigor anteriormente, de certa maneira condicionava a nossa capacidade de encontrar soluções abrangentes, duradoras e que garantissem a estabilidade do sistema financeiro, de tal modo que o exercício para encontrarmos essa solução ficou de certa forma condicionada à aprovação da nova lei, facto que ocorreu há coisa de um mês”, justifica.
A perspectiva, diz o responsável, é que antes do mês de Setembro já se tenha a solução encontrada e publicitada para o conhecimento do público.
Na passada semana, a Moody’s reviu em baixa o rating do Banco Económico para ‘Caa3’, tendo apontado o tempo que tem levado a finalização do processo de recapitalização da instituição, devido a factores exógenos, como a principal causa desta classificação.
“BPC continua sólido”
Em relação ao BPC, instituição que ganha cada vez menos confiança dos cidadãos, Rui Miguêns garante que o processo de recapitalização tem estado a decorrer e que, do ponto de vista da qualidade do seu balanço, o banco está capitalizado. “Neste momento, o banco está bastante bem capitalizado e, portanto, o banco está sólido”, assegura.
Pelo que se sabe, o processo de recapitalização do maior banco de capitais públicos do país decorre em simultâneo com os de reestruturação e melhoria dos seus processos de controlo interno, bem como o de garantia da fiabilidade das suas operações. Segundo Miguêns, o BPC tem vindo a fazer um trabalho para garantir que este último [de fiabilidade das operações] seja alterado.
Em jeito de apelo a compreensão dos cidadãos, o vice-governador do BNA admite que, devido aos referidos processos em curso, ainda se vai sentir durante algum tempo algumas preocupações quanto a operacionalidade da instituição, nomeadamente questões que têm a ver com os seus sistemas de informação e com as suas rotinas de funcionamento, assim como da lida com os clientes.
“Não existem razões, do nosso ponto de vista, para neste momento acreditarmos que o banco não tenha solidez suficiente para continuar a operar. Existirão sim algumas falhas que têm a ver com os históricos, com o passado do banco que ainda não foi possível resolver, está no caminho de o fazer, mas nós acreditamos que em pouco tempo o BPC poderá vir a solucionar também essa parte dos riscos operacionais a que está sujeito”, conclui.