Apesar do prejuízo de 166 mil milhões de kwanzas no agregado de todos os bancos autorizados a operarem no mercado, o vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Rui Miguêns, considerou, durante o Fórum “Banca em Análise”, que o sistema bancário nacional regista, na generalidade, uma estabilidade.
Ao discursar no encerramento da 15ª edição da conferência promovida pela consultora Deloitte, o responsável diz que, na globalidade, as instituições bancárias nacionais estão capitalizadas, mas reconheceu, no entanto, haver preocupação em relação a dois bancos, tendo indicado apenas o Banco de Poupança e Crédito (BPC), cujo processo de recapitalização e restruturação já está em marcha.
“Felizmente, nós pudemos ver que as instituições estão, de um modo geral, bem capitalizadas. Temos dois casos que o estudo revelou como sendo dois casos de preocupação, um dos quais já está parcialmente tratado, que é o BPC, e um que também verá já tratada a sua necessidade de recapitalização e retoma à sua actividade normal, enquanto instituição bancária”, afirma Miguêns.
Apesar de não ter mencionado o nome da outra instituição, a FORBES sabe que o Banco Económico é uma das instituições bancárias que, neste momento, têm em preparação também um processo de recapitalização. Aliás, o próprio banco central tem vindo publicamente a admitir que está à procura das melhores soluções para aquele banco, que surgiu das ‘cinzas’ do extinto Banco Espitiro Santo Angola (BESA).
Para o auxiliar de José Massano no banco central, só com estabilidade o sistema financeiro e bancário voltará aos períodos doirados antes de 2017. “A questão da estabilidade é fundamental para que ela possa garantir o espaço de crescimento do crédito, que todos nós almejamos, pois sem isso, a nossa economia não poderá retornar ao seu nível de crescimento que tinha antes de 2017”, admite.
Na conferência que debateu a “Revolução do sector Bancário:o papel das pessoas e das tecnologias”, o vice-governador do BNA referiu ainda que a inovação – que inclui o investimento na banca digital – é fundamental para o desenvolvimento da actividade bancária.
“A inovação é a nossa principal arma de preparação para o futuro e de solução dos problemas que vivemos actualmente. E dentro desse capítulo devo referir que esse espaço regulamentar que a nós nos cabe preparar está a ocorrer”, assegura.
Rui Minguês frisou igualmente que o país já tem uma nova lei do sistema de pagamento; nova regulamentação relativamente aos agentes do sistema do pagamento, além de ter sido criado, paralelamente a tudo isso, um laboratório de inovação do sistema de pagamento que, na visão do regulador, “permite acomodar, num ambiente regulado, todas iniciativas que as Fintchs permitem funcionar com o apoio do banco central”.
“Não basta termos estabilidade, nós precisamos de inovar. Precisamos de trazer a inovação para o sistema financeiro”, rematou.
Na 15ª edição do estudo “Banca em Análise”, a Deloitte indica que o valor total dos activos das instituições financeiras incluídas ascendeu a 16,8 biliões de kwanzas em 2020, o que corresponde a um crescimento de aproximadamente 19% face a 2019.