O Banco Nacional de Angola (BNA) admitiu, há dias, no final de uma reunião do seu Comité de Política Monetária (CPM) realizada há dias no Sumbe, província do Cuanza Sul, ter havido, entre os meses de Junho e Julho deste ano, uma maior pressão a nível dos Caixas de Pagamento Automático (ATMs) – vulgarmente conhecidas por “multicaixas”, com o processamento de salários.
A administradora-executiva do banco central, Marília Poças, que falava em conferencia de imprensa, esclareceu que o facto aconteceu por “algumas instituições terem acumulado pagamentos de salários de dois meses”, o que obrigou à tomada de medidas mitigadoras.
“Os salários estão a ser pagos já de forma mais regular. Este mês já notamos menores enchentes nos ATMs e também tomamos algumas medidas para, temporariamente, disponibilizar algumas notas de maior valor facial aos bancos, bem como decidimo-nos pela criação de um site de monitoramento a nível do BNA, que vamos usar em períodos de maior pressão, como em época natalícia”, explicou.
Relativamente a inflação, o governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias, avançou que foi registado uma certa aceleração de preços. “Infelizmente, esta tendência inverteu-se, essencialmente com a depreciação cambial que ocorreu nos meses de Maio e de Junho, mas também devido à redução do subsídio ao gasóleo”, justificou.
Na reunião do Sumbe, o CPM decidiu manter a Taxa Básica de juro em 17%, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 17,5%, bem como a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez nos 13,5%.
Manuel Tiago Dias disse que a decisão de manutenção das taxas de juro directoras justifica-se pelo facto do CPM considerar que o aumento de preços observado, sobretudo em Agosto, “derivou de factores sazonais e da insuficiência de oferta de bens e serviços, num contexto em que a procura interna manteve-se reprimida e a taxa de câmbio relativamente estável”.
Tal decisão, acrescentou, assenta ainda no pressuposto de que o comportamento da inflação continuará a ser determinado, fundamentalmente, quer por factores sazonais, quer por desequilíbrios entre a procura e a oferta.