Reunido nesta Terça-feira, 31 de Maio, pela primeira vez na cidade do Lubango, província da Huíla, região Centro Sul do país, naquela que foi a sua 105ª sessão ordinária, o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), depois de ter analisado o comportamento recente e as perspectivas dos principais indicadores económicos, decidiu reduzir o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 22% para 19%.
O órgão do banco central angolano justifica a redução com a necessidade de fortalecimento dos instrumentos de transmissão da política monetária.
Por este facto, segundo o governador do órgão regulador do mercado bancário, José de Lima Massano, o CPM optou por baixar os níveis de imobilização financeira, iniciando assim um processo gradual de redução do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em 5 pontos percentuais até Julho de 2022, altura em que se pretende reduzir as reservas obrigatórias para 17%, e intensificar as operações de mercado aberto.
Em termos gerais, os bancos comerciais, dos depósitos que captam, vão agora manter 19% no BNA, contra os 22% anteriores, em reserva obrigatória.
Além das reservas obrigatórias, as instituições bancárias depositam também no banco central as chamadas “reservas livres”, quando ultrapassam o valor que por obrigação devem depositar. Sem qualquer remuneração, as reservas obrigatórias servem essencialmente dois propósitos, nomeadamente um de natureza prudencial e outro para efeitos de condução da política monetária.
“Em momentos que entendemos existir, por exemplo, um excesso de liquidez na economia que pode levar à uma pressão de preços, nós mexemos no coeficiente, agravando por isso os níveis de liquidez disponível junto de determinado banco comercial ou do sistema como um todo”, detalhou o homem forte do BNA.
Entretanto, o Comité de Política Monetária decidiu manter a taxa básica de juro (Taxa BNA) nos 20%, axa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 25%, taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 15%, bem como não alterar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda estrangeira, que continua nos 22%.
Pese embora as incertezas e os riscos associados ao contexto económico externo e potenciais impactos sobre a economia nacional, ainda em fase de recuperação, o actual curso da política monetária, segundo José Massano – que falava em conferência de imprensa no final da reunião do CPM –, mantém-se adequado para o alcance do objectivo da inflação.
Na sua nova estratégia de ir realizando reuniões fora da capital do país, o BNA anunciou a realização da próxima sessão ordinária do seu CPM para 29 de Julho de 2022, na província de Cabinda.
Massano inaugura unidade de processamento de numerário da Huíla

Na Huíla, onde pela primeira vez o BNA realizou a primeira reunião do Comité de Política Monetária, procedeu-se na passada Segunda-feira a reabertura das instalações do edifício-sede da Delegação Regional Sul (BRS), tendo José de Lima Massano inaugurado a Unidade de Processamento de Numerário (UPN) local.
A infra-estrutura vai desenvolver trabalhos específicos, como o tratamento de notas e moedas metálicas, recontagem manual e automática, verificação da autenticidade das notas, bem como a destruição de notas impróprias.
De acordo com informação publicada no seu website, a UPN representa assim a concretização da aposta do BNA na melhoria da qualidade dos serviços prestados na região Sul do país, “considerando que o banco central está melhor habilitado a responder à demanda dos bancos comerciais e estes, por sua vez, atenderem os consumidores de produtos e serviços financeiros”.
A província da Huíla tem uma população estimada em 2.800.000 habitantes. Operam nesta localidade 17 instituições financeiras bancárias, oito instituições financeiras não bancárias, sendo três de microcrédito e cinco casas de câmbio.