O exercício de 2020, caracterizado por sucessivas crises, sobretudo a trazida pela pandemia da Covid-19 trouxe desafios que o Banco Nacional de Investimento (BNI) conseguiu contornar. O banco moçambicano terminou o ano passado com um lucro líquido de 137,51 milhões meticais, o que traduz um crescimento de 113% face aos 64,45 milhões de meticais registados em 2019.
De acordo com o presidente da Comissão Executiva do BNI, Tomás Rodrigues Matola, na mensagem publicada no relatório e contas, “este desempenho positivo foi acompanhado pela consolidação da robustez e saúde financeira do Banco, evidenciada pela rendibilidade dos ativos, robustez dos fundos próprios, nível de adequação dos fundos próprios e de liquidez, com o rácio de solvabilidade a registar 40,43% (contra os 12% regulamentares) ”.
O rácio de liquidez é de 54,52% (contra os 25% regulamentares), sendo ainda de destacar a redução do rácio de crédito em incumprimento (NPL) para 2,5%, um nível muito abaixo da média do sector.
Tomás Rodrigues Matola sublinha que “apesar dos resultados alcançados, o trabalho de 2020 foi desenvolvido num ambiente absolutamente adverso com todas as condições políticas e macroeconómicas desfavoráveis”, quer a nível global, quer e sobretudo a nível doméstico”.
O presidente da comissão executiva da instituição bancária salienta que, no que se refere ao negócio, em 2020, a conjuntura operacional foi caracterizada pela deterioração significativa e até abrupta dos indicadores macroeconómicos e financeiros, devido à propagação da pandemia. Este cenário levou às restrições de movimentação de pessoas e bens, paralisação parcial e completa de alguns sectores de atividade económica, com impacto negativo em todos os segmentos da economia, no emprego e no bem-estar no curto e médio prazo. Tomás Rodrigues Matola lembra que o sector bancário e o BNI “não ficaram imunes a estes efeitos, na medida, em que, em virtude dos impactos que a pandemia tem causado no tecido empresarial, os mutuários apresentaram dificuldades em fazer face às suas obrigações, tendo levado os Bancos a reforçar as imparidades, com impactos diretos nos seus resultados”. Ainda assim, apesar dos constrangimentos, o gestor realça que “o BNI manteve-se firme, operacional e adotando uma série de medidas e iniciativas, no sentido de, por um lado, assegurar o cumprimento de todos os seus compromissos com seus parceiros, fornecedores, credores e demais stakeholders”. Além de salvaguardar o bem-estar dos seu colaboradores e parceiros de negócio.
Entre as ações adotadas para responder às necessidades dos clientes, destaca-se as direcionadas para o apoio ao tecido empresarial, através de desenvolvimento de produtos (linhas de créditos) específicos, com taxas de juro e condições de financiamento ajustadas ao atual contexto macroeconómico, para promover a revitalização ou melhoria operacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME´s) afetadas pela COVID-19 e do sector produtivo. Houve lugar ao reforço da tesouraria e apoio ao investimento, garantido a manutenção de mais de 5.786 postos de trabalho, o que representou beneficiários diretos acima de 28.930 pessoas com as rendas familiares geradas.
O gestor refere que para fazer face aos desafios de financiar a economia as atividades do Banco estiveram orientadas para a mobilização de recursos financeiros cujo montante superou o planificado. Como resultado desta aposta, a carteira bruta de crédito do Banco cresceu cerca de 90%, passando de MT 2.26 mil milhões, de 2019, para MT4,25 mil milhões em 2020.
Desta forma, o BNI aumentou o nível de intervenção no mercado através de financiamento de projetos de investimento e produtivos avaliados em MT 2.081,13 milhões, direcionado sobretudo para os setores da indústria transformadora, sobretudo alimentar, agricultura, petróleo e gás e comércio e serviços. “Estas operações de crédito impactaram positivamente a economia” diz Tomás Rodrigues Matola, já que geraram e mantiveram emprego, novos empreendedores e empresários. Além de proporcionar o aumento da base tributária, da oferta de produtos locais substituindo-se importações e promovendo as exportações, o que traz mais divisas e melhoria das reservas internacionais líquidas, assim como melhor gestão da política cambial.
O corrente ano continua envolto nos efeitos da pandemia com o consequente aumento das incertezas sobre a atividade económica.
O presidente do banco sublinha que a instituição que preside “continuará focado na perseguição dos seus objetivos estratégicos, implementando as respetivas ações estratégicas e operacionais mais acertadas e de forma eficiente e prudente”.