O conselho de administração do Banco Regional do Keve (KEVE) afastou, na tarde desta Quarta-feira, 5, qualquer cenário de falência técnica na instituição ou de corrosão dos seus activos ao anunciar a conclusão, com sucesso, de um segundo aumento de capital no ano 2021, num total de 24 mil milhões de Kwanzas.
A actualização da situação patrimonial do banco foi avançada em nota distribuída à imprensa e a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, dando conta ainda de que os fundos próprios do banco ultrapassam agora os 40 mil milhões de kwanzas, acima dos 7,5 mil milhões de kwanzas exigidos pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
Para o banco, o aumento de capital é o início de uma reestruturação interna, e tem como objectivo dar respostas aos desafios colocados pela actual situação económica, muito impactada, segundo a administração do banco, pela pandemia da Covid-19 no país e no mundo.
A nota não diz, mas a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA sabe que o posicionamento do conselho de administração surge na sequência de uma onda de notícias várias vezes partilhadas na internet esta semana e que dão conta de uma alegada falência técnica na instituição bancária liderada por José Pedro de Morais, situação que, segundo os sites de notícias e jornais, deverá forçar o encerramentos de agências bancárias.
Com isto, a FORBES visitou o relatório e contas do banco referente a 2020 que dá conta de que, até 31 de Dezembro, as contas de balanço do Keve fecharam com um recuo expressivo nos resultados líquidos. Ou seja, as contas de balanço daquele banco baptizado com o nome do Rio Keve caiu 36,8%, ao sair de 2,7 mil milhões de Kwanzas em 2019, para 1,7 mil milhões em 2020.
Também houve quebra no ROAE, importante indicador que mede a rentabilidade dos capitais próprios médios. Até 31 de Dezembro do ano passado, essa rubrica assistiu a uma queda de 5,2 pontos percentuais, já que saiu de 10,8%, em 2019, para 5,6% em 2020.
O relatório e contas do banco referente a 2020 não dá nomes, nem rostos aos accionistas daquele banco que beneficiou de um aumento de capital. No documento, a FORBES soube que a estrutura accionista do banco é constituída por 50 accionistas divididos por escalões de participação, dos quais 10 detém maioria do capital.
Apesar disso, os meios de comunicação social angolanos apontam o político do MPLA Higino Carneiro e várias outras figuras de peso do cenário político e empresarial como os beneficiários últimos daquele negócio. Segundo relatório e contas de 2020, o maior accionista do banco possui actualmente cerca de 7% das acções do banco que juntamente com os restantes 9 perfazem um total de 42% para os 10 maiores accionistas.