O Banco Económico (BE), em Angola, dará início, em breve, a um processo de encerramento de várias agências bancárias no país e a desmobilização de recursos humanos e materiais a elas afectos, apurou a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
Num “Aviso Prévio de Despedimento Colectivo”, por escrito, endereçado individualmente a cada colaborador que será abrangido, a instituição diz que a medida está prevista no Plano de Recapitalização e Restruturação (PRR) determinado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), que tem levado também à necessidade de uma redução muito significativa dos custos do BE para níveis mais sustentáveis.
De acordo com o Banco, a selecção das agências a encerrar baseou-se em critérios objectivos, designadamente na rentabilidade e desempenho comercial, nos custos de arrendamento e na proximidade de balções alternativos, “mas sempre com a ponderação do princípio do menor prejuízo para as pessoas”. A FORBES sabe, no entanto, que no total serão encerradas onze agências, o que colocará mais de centenas de funcionários no desemprego.
“Como é do seu conhecimento, há vários anos que este banco tem sofrido desafios a diversos níveis, sendo os mais significativos respeitantes à sua situação financeira. Estes desafios levaram o supervisor, o BNA, a determinar um Plano de Recapitalização e de Restruturação com grande impacto ao nível da nossa organização”, lê-se na carta enviada aos colaboradores.
A implementação do PRR foi iniciada em 2022 e já teve como principais consequências uma alteração “profunda” na estrutura accionista, com a saída de todos os anteriores accionistas e a entrada de novos, sendo este um grupo de clientes organizados num fundo de investimento que, com os seus depósitos, tiveram de realizar um “expressivo” aumento de capital social.
Em Dezembro de 2021, recorde-se, o banco central – órgão que regula o mercado bancário angolano – deu ‘luz verde’ ao novo plano de recapitalização e restruturação apresentado pelos accionistas do Económico, advertindo, na altura, que travaria o curso da estratégia, caso essa se mostrasse inviável por qualquer circunstância.
Numa nota divulgada no seu website, o BNA justificava que o objectivo da medida imposta por si era a de garantir a estabilidade do sistema financeiro angolano e a salvaguarda dos interesses dos credores, nomeadamente dos depositantes.
Antes disto, o BNA tinha alertado aos accionistas do Banco Económico para a necessidade de reforço de capital, definindo finais de Novembro de 2021 como prazo para os mesmos [accionistas] realizarem o referido aumento de capital. Como não o fizeram, na altura, o regulador da banca angolana obrigou-os a apresentarem um novo plano de recapitalização e restruturação, que acabou por ser entregue, como já referido, e Dezembro de 2022.
A carta endereçada aos seus colaboradores, datada de 06 de Março [última Segunda-feira], refere que a situação líquida deficitária do Banco em Dezembro de 2022, “considerando contas ainda não finais, era de -122.728.674.000 kz”.
Segundo o Económico, está situação leva à necessidade de mais medidas de redução de custos em breve prazo, sob pena de a operacionalidade do Banco ver-se comprometida.