O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, disse recentemente que o Banco Central do arquipélago registou “reservas negativas jamais vistas”, ultrapassando 127 mil dólares (115 mil euros) em 2022, e tem actualmente “inúmeras dificuldades de sustentação do seu próprio financiamento”.
Segundo o primeiro-ministro, até a data as autoridades procuram por dados do Banco Central relactivos a 2019 e 2020, mas os dados disponíveis de 2021 e 2022 revelam que o Banco Central tem resultados negativos e assim será em 2023”.
“Uma instituição como o Banco Central encontra-se fragilizada, com encargos salariais de cerca de 65% quando a lei autoriza 30%, e com inúmeras dificuldades de sustentação do seu próprio financiamento […] estamos no meio de uma tempestade, com um navio que mete água de todos os lados, que foi mal utilizado, e temos hoje a responsabilidade colectiva de salvar o navio e levá-lo a um porto seguro”, referiu o primeiro-ministro são-tomense.
Patrice Trovoada considerou que a economia são-tomense “devora riqueza, créditos e donativos, mas ela tem que passar a criar riqueza e que só será possível numa aposta no sector privado nacional e estrangeiro”.
Para Patrice Trovoada o que aconteceu no país nos últimos tempos “foi um autêntico retrocesso no clima de negócio, na burocracia, na dificuldade de acesso ao crédito bancário, na confusão entre a política e negócio, desvio de fundo, participação em negócio de agentes políticos, corrupção e nítida falta de segurança jurídica”.
“A situação em que o país se encontra é da responsabilidade principal dos agentes do sector público e das lideranças políticas e administrativas. A comunidade internacional não nos deve nada, temos de ser nós a levantarmos o país, tomar a iniciativa, trabalhar e partir para a batalha, pois mesmo com o financiamento disponibilizado pelos parceiros não temos nada”, declarou, Patrice Trovoada, citado pela Lusa.