As contas de balanço da banca moçambicana fecharam o ano 2020 a registar um agravamento do ‘risco do mercado’, um dos vários indicadores sobre aferição das vulnerabilidades do sector, de acordo com o relatório de estabilidade financeira do Banco de Moçambique consultado pela FORBES.
A prejudicar as estatísticas esteve a volatilidade das taxas de câmbio do metical, a moeda local, face às principais divisas do mercado internacional, nomeadamente o dólar e o euro, que ‘colocaram no vermelho’ este importante indicador de estabilidade financeira.
De todos os 19 indicadores que compõem a matriz de avaliação, de forma quantitativa, do risco sistémico do mercado bancário moçambicano, só o risco de mercado é que deslizou, situação que o regulador do país justifica ainda com o aumento do endividamento externo, pandemia e demais factores que desaceleraram a actividade económica local.
O risco sistémico é mensurado através de um índice de estabilidade financeira, que pode ser classificado como baixo, moderado, elevado ou severo. Por sua vez, o risco macroeconómico, o primeiro entre os indicadores de estabilidade, permaneceu, em 2020, no nível moderado, devido à evolução favorável da inflação, não obstante a contracção da actividade económica.
“A inflação manteve-se em 3,5%, em Dezembro de 2020, a mesma magnitude observada em igual período de 2019, enquanto a economia registava uma desaceleração de 1,3%, no período em referência”, lê-se no relatório do banco central daquele país do índico.
Também o risco de rendibilidade e solvência permaneceram, no período, “em níveis satisfatórios”, nomeadamente de riscos baixo e moderado, o que contribuiu, em grande medida, para a preservação da estabilidade do sector bancário e a manutenção do risco sistémico no nível moderado, apesar das adversidades verificadas no período.
“O baixo risco nesta categoria sugere que o nível de capitalização do sector é suficiente para o mesmo enfrentar, sem perturbações graves, eventuais situações de esforço. De referir que, em Dezembro de 2020, o rácio de solvabilidade do sector bancário situou-se em 27,18%3 , cifra superior em 15,18 pp ao limite legal mínimo fixado por lei aos bancos”, justifica o Banco de Moçambique no relatório.
Crédito sobe 8,90 pp
Dos vários itens de medição da saúde financeira dos bancos, o crédito é dos mais importantes. Esta rubrica registou no ano passado uma aceleração de 8,90 pontos percentuais, ao sair dos anteriores 5,14% registados em Dezembro de 2019 para os 14,04% até 31 de Dezembro de 2020.
“No que respeita ao Rácio de Crédito em Incumprimento (NPL, na sigla em inglês), permaneceu em torno de 10,0%, correspondente ao nível de risco alto e continuou muito acima do nível máximo recomendado pelas boas práticas internacionais (5,00%), não obstante as adversidades verificadas durante o período em referência”, lê-se no Relatório de Estabilidade Financeira do órgão regulador do mercado, referente a 2020.