O agregado dos 25 bancos comerciais que actuam no mercado angolano fecharam Outubro com um stock de crédito a situar-se nos 3,79 biliões de kwanzas, um ligeiro avanço de 0,15% face ao mês anterior, o que revela uma quase estagnação na tendência restritiva da banca na cedência de empréstimos.
Os números foram divulgados esta semana pelo Banco Nacional de Angola (BNA), em uma conferência de imprensa que serviu para fazer o balanço da situação monetária e financeira do país no referido mês. “O crédito à economia em moeda nacional registou uma expansão de 0,15% no mês de Outubro, tendo atingido 3,79 biliões de kwanzas, o que eleva a expansão, em termos homólogos, para 20,72%”, anunciou o banco central.
De acordo com cálculos da FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, se até finais de Outubro o crédito à banca nacional só cresceu 0,15%, significa que, do total do stock de empréstimos do mês de Setembro, os 25 bancos só libertam poucos mais de 5 mil milhões de Kwanzas.
Esta quase retracção no crédito acontece numa altura em que o BNA está a menos de um mês para encerrar o programa de crédito ao abrigo do Aviso 10/2020, que obriga os bancos comerciais a libertação de fundos para o fomento à actividade agrícola nacional ou de produção de bens de primeira necessidade, visando- estimular o programa de substituição de importações do Governo.
Entretanto, os bancos continuam a fazer resistência no que a cedência de crédito diz respeito. Segundo fontes das áreas de Análise de Risco de Crédito e do Comité de Crédito dos bancos BFA e BAI, a ligeira subida no crédito continua a mostrar que a situação de crise e de aperto aumentou o risco que as instituições bancárias não estão dispostas a correrem.
Assim, e face ao estipulado pelo órgão regulador, o crédito só marca passos devido ao facto de o BNA ter ameaçado ‘castigar’ com multas pesadas os operadores que descumprirem com a norma. Aliás, ao abrigo deste mecanismo, foram já penalizados os Banco Prestígio, com uma multa de 34,5 milhões de kwanzas, Banco de Negócios Internacionais (45 milhões kz), Finibanco Angola (35 milhões kz) e Banco Yetu com 32,5 milhões kz, numa lista que incluía ainda o Banco Comercial Angolano, que levou uma penalização de 44 milhões kz.
Na conferência de imprensa que avaliou o desempenho da economia nacional, o banco central fez saber ainda que, de acordo com os dados Instituto Nacional de Estatística (INE), no terceiro trimestre do ano, Angola registou uma taxa de desemprego da população economicamente activa de 34%, o que representa uma subida de 1,3 pontos percentuais face ao observado nos três meses anteriores.
No que toca ao mercado cambial, o kwanza apreciou no mês de Outubro cerca de 0,61% em relação ao dólar norte-americano, elevando a apreciação acumulada no ano para 8,83%.
No mesmo período, os bancos comerciais adquiriram ao mercado um total de 863,05 milhões de dólares, um ligeiro aumento face aos 824,72 milhões de dólares adquiridos em Setembro, tendo a oferta sido superior à procura, o que explica a apreciação da moeda nacional.
Com isto, e face às constatações do regulador ao mercado, foi decidido manter a taxa básica de Juro (Taxa BNA) em 20%, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 25%, a taxa de Juro da facilidade Permanente de Absorção de Liquidez de 7 dias em 15%, além de que ficam inalterados os coeficientes das reservas obrigatórias em 22%.