Uma alteração aos estatutos do Banco Angolano de Investimento (BAI), materializada esta semana, vai permitir que a instituição abra, nos próximos tempos, o seu capital em bolsa, num acto único até agora no sistema bancário nacional, informou a entidade em nota enviada à redacção da FORBES.
Líder do sistema bancário angolano em activos, com pouco mais de 3 biliões de kwanzas, a gestão da instituição bancária qualifica o acto como “histórico”. Na voz do vice-presidente do seu conselho de administração, Mário Barber, o BAI diz ser “este é o caminho expectável para uma instituição em franco crescimento”.
Citado no documento de poucos parágrafos, Barber considera ainda que a alteração dos estatutos é um primeiro passo do início de uma nova fase do Banco Angolano de Investimentos.
“O Banco Angolano de Investimentos S.A. informa que, em Assembleia Geral Extraordinária, os accionistas aprovaram unanimemente a alteração dos Estatutos da Sociedade, para efeitos da preparação da sua qualificação como Sociedade Aberta”, lê-se na curta nota.
Com esta alteração, o BAI assumirá o estatuto de Sociedade Aberta e passará a ter de cumprir determinados requisitos, nomeadamente uma adaptação dos sistemas e processos, uma maior exigência na divulgação de informação financeira, atempada e transparente. “Este vai ser um processo longo, mas sustentado e transparente, prevendo-se que a efetivação da Oferta Pública de Venda se verifique em meados de 2022”, garantiu o presidente da comissão executiva do BAI, Luís Lélis.
À FORBES, vários analistas do sector bancário e financeiro convergiram nas suas declarações ao afirmarem que o acto de alteração dos estatutos do BAI vai pressionar congéneres do mercado, sobretudo as integrantes do ‘Top Five’, já que, referem, “com a intenção de venda das participações do Estado na banca, um processo que deve acontecer em bolsa, os bancos nessas condições estão obrigados a seguir o passo”.
Mas isto tem custo. Na visão dos analistas, o processo deve criar, no geral, pressão para outras entidades financeiras da praça nacional, seja do ponto de vista de alteração dos processos, cumprimento das regras de prestação e divulgação de informação, de forma a que todos os interessados nos negócios estejam protegidos. “Haverá muito escrutínio nesta fase para os bancos que pretenderem seguir neste processo agora inaugurado pelo BAI”, disse um especialista ligado à administração pública.
Apesar de liderar o ranking da banca por lucros, o banco presidido por Luís Lélis viu os seus lucros recuarem, em 2020, acima dos 70% para apenas 28.672 milhões kwanzas, pressionados pela queda de 9% da margem complementar, aumento em 31% dos custos e pelo crescimento das imparidades para crédito e outros, relativos aos investimentos em dívida e o impacto fiscal associado à anulação de impostos diferidos activos.