Com a fraca actividade turística no país, o impacto nas actividades dos diferentes sectores de negócio em Cabo Verde tem sido muito visível. O sector de energia é mais um que não fica de fora dos efeitos negativos causados pela ausência do turismo.
Segundo apurou a FORBES, a empresa com parceria público-privada com financiamento internacional que permitiu instalar em Cabo Verde quatro parques eólicos, registou uma queda de mais de 25% só em lucros em 2020, devido à quebra no consumo de eletricidade pela ausência de turismo.
O relatório e contas da empresa divulgado recentemente, refere que as suas vendas de eletricidade à rede pública, através da empresa estatal Electra, caíram no mesmo ano quase 7%, para 1.172 milhões de escudos (10,6 milhões de euros), sendo que o ano fica ainda “marcado pela forte redução da procura, sobretudo nas ilhas turísticas do Sal e da Boa Vista, em resultado da pandemia de covid-19”, indica o documento.
O presidente do conselho de administração da Cabeólica, Kudzayi Hove, aponta que “As restrições de circulação entre as ilhas, mormente para as de vocação turística, Sal e Boa Vista, fizeram com que entrassem em rápido declínio económico, mercê da queda brusca nas chegadas de turistas e, consequentemente, na procura das unidades hoteleiras, resultando numa redução significativa da procura de eletricidade, a rondar os 50%”.
“As suas vendas de eletricidade à rede pública, através da empresa estatal Electra, caíram no mesmo ano quase 7%, para 1.172 milhões de escudos (10,6 milhões de euros)”
O documento refere também que o resultado líquido da empresa passou de 277 milhões de escudos (2,5 milhões de euros) em 2019 para cerca de 206 milhões de escudos (1,8 milhão de euros) em 2020, com a produção a cair no espaço de um ano 17,3%, para 64.926 MWh (Megawatt-hora).
Recorde-se que os parques da Cabeólica resultaram de um acordo de Parceria Público-Privada, de 2008, entre InfraCo Africa Limited, o Governo de Cabo Verde e o grupo estatal Electra, e seis anos depois atingiu o seu recorde, garantindo cerca de 24% da eletricidade consumida no arquipélago, tornando-o num dos países com a maior taxa de penetração de energia eólica no mundo.
Actualmente, 94% do capital social da Cabeólica está nas mãos da AFC Equity Investments, uma subsidiária detida a 100% pela Africa Finance Corporation (AFC), pertencendo ainda 3,75% ao grupo Electra e 2,25% ao Estado de Cabo Verde.
Recorde-se que o turismo representa 25% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, mas o sector está praticamente parado desde março de 2020, devido às restrições nacionais e internacionais para conter a pandemia de covid-19.