A ÁUREA – primeira Sociedade Distribuidora de Valores Mobiliários (SDVM) no país – foi lançada nesta Quinta-feira, 19 em Luanda, em cerimónia testemunhada pelo secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos.
Detida em 99,6% pelo Banco Angolano de Investimento (BAI), cabendo o remanescente (0,4%) a outros accionistas individuais, a empresa arranca com um capital social de 610 milhões de kwanza.
O presidente da Comissão Executiva ÁUREA, Kelson Cardoso, revelou, na ocasião, que neste momento os investimentos da Sociedade estão avaliados em mais de um bilião de kwanzas e conta já com três projectos, entre eles a “emissão obrigacionista de emissão de colocação particular” e “assistência à restruturação financeira”.
O gestor apontou que o foco da actividade da instituição é a originação e estruturação de operações em mercado primário e a custódia e corretagem de operações de mercado secundário. Kelson Cardoso referiu ainda que o Conselho de Administração da empresa “acompanha com interesse” os projectos do Programa de Privatizações (PROPRIV) do Governo, o Programa Emergentes, da Comissão de Mercados de Capitais (CMC) e as entidades habilitadas ao segmento de mercado de pequenas e médias empresas da Bolsa da Dívida e Valores de Angola (Bodiva).
Por sua vez a presidente do Conselho Administração da ÁUREA, Ana Victor, realçou que, apesar de se ter no país um “mercado doméstico profundo e operadores com pouca maturidade no serviço de aconselhamento financeiro especializado”, identificaram um conjunto de oportunidades que permitiram avançar com a implementação da sociedade.
A responsável destacou o crescente interesse dos investidores internacionais no mercado angolano; uma política cambial focada na atracção de investidores não residentes e captação de capitais estrangeiro; o espaço para o surgimento de uma oferta mais diversificada e inovadora e de soluções de investimento, bem como a poupança e o reconhecimento do mercado de capitais na estratégia de desenvolvimento do sector financeiro de Angola.
Em representação da presidente do Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Capitais, a administradora executiva daquela instituição, Ludmila Dange, disse esperar que a missão da Sociedade Distribuidora de Valores Mobiliários, ÁUREA, não seja apenas ligada à intermediação de negócios, mas também à promoção de novos produtos, educação e consciencialização dos investidores sobre os riscos subjacentes aos instrumentos de investimento.
Já o Secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos, olha para o surgimento da Áurea como “uma luz verde para que, nos próximos anos, haja uma avenida aberta que possibilita a capitação e aplicação de poupança transparente, eficiente e segura”.
Na sua intervenção, Ottoniel dos Santos avançou que, de 2019 a 2022, a participação dos bancos enquanto agentes de intermediação no mercado gerou um volume de transação acima dos nove biliões de kwanzas.
“Isto quer dizer que os bancos representam um volume muito grande daquilo que é negociado com o nosso mercado de capitais. Alterar isso de um dia para outro vai dar trabalho e pode criar uma disrupção muito elevada no processo”, considerou.
A ÁUREA surge depois da alteração da Lei n.º 14/21 de 19 de Maio, que aprova o Regime Geral da Instituições Financeiras, impondo a transferência dos serviços e actividades de investimento hoje prestados por instituições financeiras bancárias no mercado de capitais, para sociedades distribuidoras ou corretoras de valores mobiliários.