Os lucros do Banco Angolano de Investimentos (BAI) caíram 29% em 2022 para 100 mil milhões de kwanzas (195 milhões de dólares), face aos 142 mil milhões kwanzas (277 milhões de dólares) do exercício do ano anterior, influenciados pelo crescimento do custo de estrutura em 12%, segundo o relatório e contas da instituição, apresentado recentemente.
Os aumentos dos fornecimentos e serviços de terceiros – com foco no plano estratégico em nos canais electrónicos e segurança de informação – em 8% e o ajustamento salarial em 14%, segundo o documento, estão entre os principais factores que contribuíram para a queda dos lucros.
Apesar do recuo no resultado líquido, o administrador-executivo do BAI, Avelino Domingos, considerou, na apresentação oficial dos números alcançados pela instituição no ano passado, que, em termos financeiros e face as perspectivas traçadas pelo banco, o desempenho foi positivo. “O resultado alcançado encontra-se acima do projectado no plano de negócios apresentado no prospecto, aquando da admissão das acções em bolsa, que rondava a volta de 90 mil milhões kwanzas”, sustentou.
De acordo com dados do relatório, o activo líquido fixou-se nos 3,1 mil milhões kz (cerca de 605 milhões dólares) um aumento em 140 mil milhões kwanzas (273 milhões de dólares) face a 2022, financiado pelo passivo – com realce para os recursos de clientes – e pelos fundos próprios, em 45% e 100 mil milhões de kwanzas respectivamente.
À semelhança do crescimento do activo líquido, a carteira de investimento em activos financeiros cresceu 14%. “Esta carteira sofreu uma substituição das Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional Indexadas a taxa de câmbio (OTMN-TXC) pelas Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis (OTMN-NR), tendo em conta a não emissão das OTMN-TXC no ano em análise”, explicou Avelino Domingos.
Outro destaque recai também para o aumento do produto bancário para mais de 21% face a 2021, devido ao aumento da margem financeira em 12% e da melhoria da margem complementar em 50%, influenciados pelos resultados das negociações financeiras. “Os Eurobonds registaram uma mais-valia de 38 mil milhões de kwanzas (cerca de 74 milhões dólares) e a OTMN-NR foi de 37 mil milhões de kwanzas (cerca de 72 milhões dólares)”, indica o documento.
Por sua vez, a Rentabilidade Média dos Capitais Próprios (ROE), caíram de 40% para 26% acima da taxa de inflação de 14%, registada no período em análise, “o que permitiu o retorno positivo real dos activos financeiros do banco”.
Durante a Assembleia Geral Ordinária do banco, que decorreu a 30 de Março último, os accionistas propuseram o aumento do valor a repartir como dividendos, dos 35% para 40%. Assim, em termos práticos, o BAI vai distribuir em dividendos, mais de 40 mil milhões de Kwanzas (78 milhões de dólares), cabendo por acção de cada accionista 2.212 kwanzas (4,32 dólares).
Banco entre os 150 mais destacados no mundo
Entretanto, o BAI acaba de ser classificado, pela terceira vez consecutiva, como melhor banco de Angola em 2023, pela revista norte-americana especializada em finanças, Global Finance.
A distinção enquadra-se na 30.ª edição dos “Prémios de Melhores Bancos do Mundo” e inclui também o BAI entre as 150 instituições financeiras mais destacadas a nível do mundo.
Segundo uma nota de imprensa a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, a contribuir para a distinção do banco angolano como o melhor de Angola estiveram factores como rentabilidade, crescimento de activos, alcance geográfico, relacionamentos estratégicos, desenvolvimento de novos negócios e inovação em produtos.
Reagindo à distinção, o presidente da comissão executiva do BAI, Luís Lélis, considerou o facto como “motivo de orgulho porque espelha a responsabilidade que a instituição assume todos os dias com os clientes e parceiros, sempre com bastante seriedade, rigor e compromisso”.
A Global Finance foi fundada em 1987, tendo uma tiragem de 50 mil exemplares e leitores em 191 países. Com sede em Nova York, possui também escritórios em Londres (Inglaterra) e Milão (Itália).
*Adnardo Barros e Luzia dos Santos