Nasceu na província do Uíge e cresceu no município de Viana, em Luanda. Guilherme Mampuya, de 46 anos de idade, quando mais novo, sonhava em fazer parte das Forças Armadas, mas acabou por se formando em Direito, na Universidade de Kinshasa, na vizinha República Democrática do Congo, onde permaneceu entre 1996 e o ano 2000.
De regresso à Angola, em 2001, no corre-corre em busca de um emprego na área jurídica, conheceu o mundo das artes plásticas, através de um curso, que lhe ofereceu um estágio num atelier de pintura, na zona do Palanca, em Luanda. Mampuya conta que na escola sempre esteve entre os melhores na disciplina de desenhos e que sempre gostou de cores alegres e divertidas.
Em 2003, começa a trabalhar em Angola numa empresa prestadora de serviços às petrolíferas, na sua área de formação, Direito. Neste período, Mampuya pintava nos seus tempos livres, mas a sua relação com as artes visuais e plásticas se tornou tão íntima que o facto de estar em um escritório a resolver problemas jurídicos já não lhe dava tanto prazer quanto o de ver as cores quentes estampadas em uma tela.
O artista, incomodado, decide pôr fim ao seu compromisso com a formalidade exigida na sua área de formação e afasta-se para se dedicar a tempo inteiro àquilo que aprendeu a apreciar: a arte.
Em 2006, pronto para a nova e íntegra ocupação, decide fazer a sua primeira exposição de arte, na galeria Humbi-humbi. “Foi um fiasco, ninguém me entendia”, assume, acrescentando que depois de uma análise, enquanto jurista económico, concluiu que quando se lança um produto deve-se fazer um conjunto de análises, entre as quais do público-alvo, o espaço e a linguagem. “Na verdade, expus sem ter analisado o suficiente todos esses aspectos”, reconhece.
Apesar do fracasso da primeira exposição, Mampuya não virou cara à luta. A estratégia passou por expor nas galerias de hotéis e em locais em que pudesse encontrar pessoas com poder económico e capacidade de interpretar melhor o que pintava. Hoje, passados 15 anos desde que começou a sua “viagem” pelas artes plásticas, tem presente as suas obras em instituições de relevo, em que se destacam a Presidência da República de Angola e o museu Afro-brasileiro, no Brasil.
O artista diz ter investido em Angola, 100 mil dólares na construção de uma galeria e que está, neste momento, a construir o seu próprio museu, com 70% de execução física da obra concluído.
Guilherme pinta hoje entre uma a duas obras por mês e revela que factura em média, com vendas na sua galeria, onde se encontra também obras de seus funcionários e de outros artistas, cerca de 2 milhões de kwanzas por mês. À FORBES, Mampuya avança que os preços dos quadros adquiridos na sua galeria, por pessoas singulares, variam entre 100 mil kwanzas a 500 mil kwanzas. Já os considerados mais caros, que rondam entre 1 milhão de kwanzas a 3 milhões de kwanzas, têm sido normalmente comprados por empresas.
“A obra mais valiosa, sem falar dos leilões, foi feita e vendida em 2009 a um preço de 10 mil dólares. Essa obra foi tão simples e tão significante […]. Era uma samacaca (pano tradicional angolano, com padrão característico de figuras geométricas coloridas) que por cima pus resina, areia e tantas outras coisas”, detalha. Nas vendas feitas em leilão, revela, terá facturado já perto de 40 mil dólares.
Mampuya refere que nos seus trabalhos procura preferencialmente passar o lado positivo do mundo, sendo esta a principal característica das suas obras. “Quem conhece a minha linha, olha para as obras e diz logo: essas são as cores de Mampuya”.
Com o cuidado de imprimir não só pintura, mas também ciência nas suas obras, o artista considera que chegou a esse nível através do envolvimento constante com a leitura clássica de autores mundo.
Além de Luanda, diz ter boa parte dos seus clientes em Portugal e outros espalhados por Bruxelas, Brasil e Macau – onde já representou Angola no Festival da Lusofonia, entre outras geografias.