O governo angolano iniciou formalmente a exploração comercial do satélite Angosat-2, nesta Sexta-feira, 10, o que possibilitará a operadores nacionais e estrangeiros fornecerem serviços de telecomunicações no país, África e ao Sul da Europa.
Na cerimónia de abertura da exploração comercial do satélite angolano, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, que presidiu o acto, lembrou que Angola tem ainda muitas zonas sem qualquer cobertura de telecomunicações, sublinhando que se abre agora a possibilidade dos operadores nacionais, e não só, fornecerem serviços de telecomunicações fiáveis no país, continente e na parte Sul da Europa.
“A estratégia estará focada em preços competitivos para incrementar o negócio em zonas desconectadas, contribuindo para a diminuição da infoexclusão em Angola e no continente”, realçou o governante.
Durante o evento, que aconteceu na zona da Funda, em Luanda foram apresentados o desempenho e as características do Angosat-2, plano comercial, soluções, portfólio, entre outras valências do equipamento.
O Angosat-2, foi lançado em órbita no dia 12 de em Outubro do ano passado, pelo foguete “Proton-M”, a partir do Cosmódromo de Baikanur, Cazaquistão, por volta das 20 horas locais, 16h de Angola. O equipamento tem diferentes especificações de banda (C, KU e KA) com zonas de cobertura distintas, designadamente África Austral, parte da África Central e Oriental, Sul da Europa, além de Luanda.
Com esta iniciativa, os operadores nacionais terão um satélite que permitirá que deixem de pagar o aluguer de capacidade a satélites estrangeiros, bem como poderão aumentar a penetração dos serviços de telecomunicações no país. O Angosat-2 possibilitará ainda que as operadoras nacionais de telecomunicações e o governo possam beneficiar de largura de banda com custos baseados em moeda nacional, gerindo melhor os seus investimentos, segundo o ministro.
“No contexto africano, os investimentos em telecomunicação são requisitos fundamentais para o crescimento económico e a conectividade via satélite, tem sido usada como factor de apoio ao desenvolvimento socioeconómico”, destacou Mário Oliveira, citado pela Lusa.
No mês passado foi publicado o decreto presidencial que autoriza a exploração comercial do satélite e cujas receitas deverão reverter 40% a favor do Tesouro Nacional e 50% a favor do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, sendo que os restantes 10% das receitas provenientes da exploração do Angosat-2 deverão reverter a favor do Fundo de Apoio Social dos Trabalhadores das Comunicações.
O titular do poder executivo angolano autorizou a exploração comercial do Angosat-2, enquanto decorre o processo de criação das condições para a atribuição da sua gestão e exploração a um ente público.
O despacho salienta que o Angosat-2 foi lançado com sucesso e encontra-se na sua posição orbital, enviando sinais do seu pleno funcionamento à estação de controlo, constituindo um marco importante para o Programa Espacial Angolano.
De recordar que o primeiro satélite nacional de Angola, o Angosat-1, foi lançado também no cosmódromo de Baikanur, em Dezembro de 2017, mas a Rússia anunciou que perdeu o controlo assim que foi colocado em órbita, compensando o país com a concepção do Angosat-2, com especificações mais avançadas.
*José Zangui