A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) viu o montante negociado saltar de 1 bilião para mais de 7 biliões de kwanzas, de 2022 para 2023, mas apenas 20% deste valor é de privados.
Em outras palavras, é o mesmo que dizer que o Estado é o ente que viabiliza mais de 79% de tudo que se negocia no mercado de capitais angolano, o que sinaliza bem o quanto ainda há por caminhar até podermos vir a falar de uma Bolsa de Valores capaz de efectivamente mexer com o mercado.
Mas nem tudo são coisas más. Os dados apresentados na quinta edição do “Fórum Bodiva”, que aconteceu nesta Quarta-feira, 14, em Luanda, mostra que o volume negociado cresceu tanto no ano de 2023, que já equivale a cerca de 12% do PIB, quando no ano anterior, portanto, 2022, representava apenas 2,8% do PIB.
Um crescimento que é grande, mas que pode ser melhorado. Assim mesmo prevê o plano para o quinquênio 2024-2028, que aponta para um volume negociado que chegue a pelo menos 17% do PIB.
Crescimento médio de 80% ao ano desde a fundação
Acresce aos dados positivos o facto de a Bodiva crescer em média 80% todos os anos desde a sua fundação a 02 de Julho de 2014.
Além disso, dos números da instituição salta à vista a realização de 5 500 negócios em média, anualmente, sendo que aqui, há o “facto controverso” de nos últimos tempos haver um aumento dos valores negociados, mas diminuição da quantidade de negócios feitos, conforme reconheceu o seu CEO, Walter Pacheco.
O presidente da comissão executiva, que fazia um balanço daquilo que são os 10 anos da Bodiva e consequentemente de mercado de capitais, disse que a entidade conta com meras 30 mil contas custódia, valor tido como baixo e que, até o final de 2028, se pretende, no mínimo, duplicar. Outras metas da BODIVA para até final de 2028, estão relacionadas com o aumento da liquidez e o alargamento da base de investimento, como apontou Walter Pacheco.
Entretanto, estão identificadas duas questões ligadas a problemas quase que crónicos do mercado de capitais angolano, designadamente a literacia financeira e a disponibilidade de capital, que têm de andar ‘de mãos dadas’ para que a Bodiva consiga concretizar os objectivos definidos.