Motivada pela baixa remuneração que auferia, a jovem angolana Izamara Matos, decidiu abandonar uma multinacional, em Lisboa, Portugal, depois de nela estar a trabalhar durante cinco anos, na área dos Recursos Humanos, para criar e se dedicar ao seu próprio negócio, a venda de jóias.
De 29 anos de Idade e formada em Direito, com uma pós-graduação em ciências jurídico criminais, pela Universidade Autónoma de Lisboa, Izamara resolveu criar a marca ‘BijuOnline’, movida também pela paixão que diz nutrir pelos acessórios, principalmente brincos e colares. “Eu queria, de alguma forma, mudar a autoestima das mulheres, através do poder dos acessórios”, afirma.
À FORBES ÁFRICA LUSÓFONA a empreendedora contou, numa conversa descontraída, desde que tudo arrancou e como começou, até à procura que hoje a sua marca regista no mercado. “Com o passar dos anos, a marca foi crescendo e em paralelo o nosso propósito e conceito foi evoluindo também. Hoje somos especialistas em personalizações de semi-joias. Gostamos de eternizar histórias e momentos”, conta.
Um investimento, refere, começou com apenas 100 euros. “Lembro-me, como se fosse hoje, quando decidi investir, na altura, 100 euros para começar o meu negócio. Comprei os mais diversos brincos e comecei a vender, através da internet. Só hoje compreendo o risco que tive de correr”, realça.
O certo, sublinha a empreendedora, é que aquilo que começou com 100 euros, tornou-se hoje numa “marca robusta, com uma estrutura maior”. Em cinco anos, revela, os investimentos na ‘BijuOnline’ ascendem os 5 mil euros. “Temos o benefício de actuarmos via online, o que reduz muito o nosso orçamento a nível de gastos”, garante.
De acordo com Izamara Matos, o negócio que se iniciou com a revenda de acessórios, tem actualmente 80% das peças de produção própria e de forma artesanal, em Lisboa. Como explica, os preços das jóias em aço inoxidável com um banho de ouro de 18K, variam entre os 10 euros aos 30 euros, um valor que considera “acessível” para os bolsos de todo o tipo de clientes. “O nosso público-alvo é maioritariamente mulheres e homens entre os 20 e 45 anos, sendo que temos peças unissexo”, apontou.
Uma das ambições da empreendedora é levar a marca ‘BijuOnline’ a outros Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de modo a tornar-se a principal referência dentro do segmento de semi-jóias personalizadas. “Este é um dos grandes objectivos da marca para os próximos dois anos. Já estamos em Angola e Portugal, queremos estar em Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde”, indicou.
A jovem que quer ver a sua marca espalhada pelos PALOP, revelou à FORBES que o ano 2022 foi um dos melhores para sua marca a nível de vendas, que cresceram cinco vezes mais, quando comparado com o anterior [2021], por ter sido o ano que voltou a vender em Angola.
“Mercado de jóias em África é bastante promissor”
Pouco ou nada se fala do mercado das jóias em África, mas, para Izamara Matos, o silêncio deste sector não a desmotivou actuar, por considerar um mercado bastante promissor pelos recursos naturais e a vasta história que o continente carrega, e sentir que os restantes players do mercado deixam-se levar por tendência.
“Ao contrário da ‘BijuOnline’, que tem a particularidade de criar tendências e inovar devido a nossa grande comunidade e a conexão que temos, nos PALOP, por exemplo, especificamente o mercado angolano de jóias, vemos como o próximo passo de investimento e segmentação. Estamos a falar de um mercado onde já contamos com fábricas, avaliadores e lapidadores e, por isso, é necessário que comecemos a produzir as joias em nossa casa, para que o país seja não só conhecido como produtor de diamantes, mas também de jóias e, deste modo, os angolanos passarem a comprar cada vez mais o produto local”, defendeu.
Por outro lado, a questão do género nunca foi constrangimento para Izamara, que vê isso como oportunidade para quem busca implementar novas ideias no negócio, embora admita ter se deparado com alguns constrangimentos, no início da empreitada, mas, mais pelo status do negócio e não pelo facto de ser mulher. “E além disso, a ‘BijuOline’ tem a vantagem de ser um negócio de casal. O meu esposo e sócio”, sustentou.
Entretanto, o que move esta mulher angolana, enquanto cidadã da África lusófona, é a questão do propósito no sentido de poder levar a cultura e a história angolana pelo mundo afora. “Enquanto mãe e empreendedora, o poder de mostrar a minha filha que não precisa se limitar a trabalhar por conta de outrem e que existe sim a possibilidade de criar e ter algo seu, proveniente do seu sonho, também é algo que me motiva muito a continuar com este meu propósito”, finalizou.