A ministra do Ensino Superior Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, Maria do Rosário Bragança Sambo, afirma que a consequência da constatação a nível global da sub-representação da mulher na ciência obriga Angola a promover a inserção e inclusão da mulher na ciência.
Durante à sua intervenção no fórum “Mulheres e Jovens Mulheres na Ciência em Angola”, que decorreu Quarta-feira, 02, a governante fez uma análise dos resultados das políticas que têm sido implementadas que segundo garante, permitiram criar um ambiente para a constatação da realidade e formulação de novas políticas.
Segundo Maria do Rosário Bragança, o fórum serviu para reforçar a necessidade de se ter políticas com medidas positivas para a mulher e as meninas, considerando que existem dificuldades no acesso a posições de gestão em matéria de ciência e coordenação de investigação e publicações científicas.
“As meninas têm que ter oportunidades para estudar nas diversas áreas”, disse a ministra, realçando que as áreas de ciências, tecnologia e matemática tem estado a ser as preferenciais e que é por esta razão que há um impulso para que as meninas se interessem e posteriormente ingressarem para o ensino superior, na formação pós-graduada e estarem efectivamente na investigação.
A Política Nacional para a Igualdade e Equidade de Género (Decreto Presidencial 222/13 de 24 de Setembro) define como constrangimentos a combater, entre outros, o fraco acesso à investigação científica por parte das mulheres. O documento aponta, de resto, como metas a alcançar, até 2027, o aumento em 30% da taxa de mulheres na área de investigação científica.
“Os resultados da última década mostram que tem havido avanços, mas também diz que temos um longo caminho para percorrer”, explicou.
Por seu turno, a ministra da Educação, Luísa Grilo, considerou o fórum como base para o empoderamento da mulher, uma vez que tudo começa com a educação e, para a inclusão digital, hoje é fundamental. “A escola tem de ter a capacidade de sensibilizar as famílias para que as raparigas também passam a ter direito de aceder as mesmas e os estabelecimentos de ensino têm de ser de qualidade para dar respostas necessárias do século XXI”, defendeu.
Luísa Grilo chama atenção da sociedade para a formação de professores e particularmente na componente do ensino das ciências, matemática e da engenharia, “onde o foco é exactamente o equilíbrio do género para que as raparigas também gostem e optem por este ensino”.
Segundo a responsável pela pasta da Educação em Angola, timidamente já se sente o interesse das meninas. “Já temos algumas escolas que mostram sinais positivos de raparigas engajadas na tecnologia e nas ciências”, assegurou, apontando como exemplo o Instituto Politécnico Industrial de Luanda (IPIL), os institutos politécnicos de Viana e Cazenga, bem como o Instituto de Telecomunicações (ITEL).
O objectivo disse é quebrar o mito de que as ciências sociais são para as mulheres e as ciências físicas e matemáticas para os homens. “Precisa-se desmistificar essa falsa verdade, Este vai ser o grande desafio: mostrar que as raparigas são capazes”, indicou.
A secretária-geral da Organização da Mulher Angolana (OMA), Joana Tomás, que também esteve presente no certame, saudou a iniciativa dizendo que é um bom arranque para as actividades do mês dedicado às mulheres.
“É a partir do fórum que se pode ver cabeças pensantes que se colocam ao dispor da nação para contribuir no desenvolvimento de Angola. Pelo que se constatou no fórum e pela vontade e determinação das jovens raparigas nesta área do saber, nós temos futuro na academia”, referiu.
*Luzia dos Santos