Participantes ao 1º Fórum Nacional da Indústria e Comércio, promovido pelo governo angolano querem ver acções práticas com vista a autossustentabilidade, que afirmam estar a ser adiada há mais de 35 anos.
A capital angolana, Luanda, acolheu na Sexta-feira, 3, o primeiro Fórum Nacional da Indústria e Comércio, que decorreu sob o lema “Desafios da Autossuficiência Alimentar”. No evento, bastante concorrido, os participantes foram quase unânimes em afirmar que a autossuficiência alimentar é um tema “velho” e nunca realizado.
O Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, por exemplo, disse em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA que a autossuficiência alimentar passa pela redução das importações e o dinheiro gasto [com as importações] devia servir para aumentar a produção interna.
“É um tema que discutimos há 35 anos e não andamos. A nossa produção é muito baixa e se não apostarmos na actualização dos meios, na mecanização agrícola, vamos continuar nas mesmas demostrações, sem resultados. Há boas ideias, mas que não impactam na vida das pessoas”, considerou.
O líder associativo defendeu ainda a necessidade de se criar cooperativas para a manutenção das estradas, “de 50 a 50 quilómetros”, porque, segundo afirma, construir estradas sem prever a manutenção “é insistir nos mesmos erros”.
Por sua vez, a directora-geral do Instituto do Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica do país, Filomena Oliveira, recorreu as palavras do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, segundo as quais “a agricultura é a base e a industria o factor decisivo”. A responsável advogou que o Estado, com os empresários, deve identificar como e onde cada ente deve participar na cadeia de valor do desenvolvimento sustentável, por forma a se racionalizar recursos e tempo.
Filomena Oliveira referiu que olhando para o volume das importações, nota-se que o país tem recursos financeiros, tendo realçado que bom seria se este dinheiro fosse capitalizado para a produção interna para a criação de rendimento, convergindo assim com o que defende o presidente da AIA. “Penso que é nisso que devemos nos concentrar: aplicar os recursos para aumentar a produção interna, da indústria ao comércio, porque gastamos muito dinheiro com as importações”, destacou.
O Executivo angolano aprovou, recentemente, o Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos, o Planagrão, que visa o aumento da produção de trigo, arroz, soja e milho, em todo o país. O programa vai consumir 5,7 mil milhões kz, nos próximos cinco anos.
José Severino adverte, no entanto, que o governo está proibido de falhar neste quinquénio.
*José Zangui