Angola voltou a registar, pelo terceiro trimestre consecutivo, superavit na sua balança de pagamentos, ao ter encerrado o segundo trimestre deste ano com um saldo de 1.724,5 milhões de dólares, de acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA) a que FORBES teve acesso.
A ajudar no desempenho positivo das contas externas do país estiveram, entre outros, o aumento das exportações de bens, com realce para o petróleo bruto, que viu o seu preço médio recuperar face a períodos recentes anteriores, além de ligeiros aumentos das importações de bens e serviços.
Depois de ter terminado os últimos seis meses com registos de superavit na balança de pagamentos, as contas externas do país somam e seguem. Desta vez, precisamente no segundo trimestre de 2021, voltou a inscrever um saldo superavitário, tendo fechado Junho nos 1.724,5 milhões de dólares.
Apesar da pandemia, que tem vindo a arrefecer a actividade económica por todo lado, com destaque para as pequenas economias, Angola tem vindo a vender mais para o exterior do que a comprar de outros mercados. Aliás, o próprio saldo superavitário representa, na análise de economistas consultados pela FORBES, uma melhoria nas contas externas do país, muito por conta do aumento das exportações de petróleo, sendo que os reflexos imediatos deste desempenho recaem sobre as Reserva Internacionais, apreciação cambial e redução do endividamento externo.
Para os analistas, um superavit nas contas de transacções é uma boa notícia para um país com uma estrutura produtiva diversificada. Isto porque indica a economia do país é competitiva a nível internacional. “Mas o mesmo não se aplica quando o país tem uma estrutura de exportações concentrado em mais de 90% em um único produto como é o caso de Angola”, lembrou recentemente à FORBES o economista Wilson Chimoco.
A fazer compactuar com o argumento de Chimoco está o analista Alberto Vunge, que, como também defendeu, o quadro de melhoria teria impactado positivamente em economias com maior oferta de produtos. “Se estivéssemos numa economia sem os problemas de oferta que temos, esta situação seria muito boa. É positivo que a economia nacional se aproprie das poupanças do resto mundo, o que acontece quando a Conta Corrente é superavitária, porque, em termos líquidos, a possibilidade de mercado de consumo para a economia nacional estende-se a mercados além das nossas fronteiras”, interpretou Vunge.
Outro efeito apontado por Alberto Vunge que surge com o superavit são as Reservas Internacionais Líquidas (RIL). Isto significa, na prática, o reforço das reservas internacionais em moedas estrangeira com as consequências positivas sobre a valorização da moeda nacional.
Conta financeira avança
Também foram verificados registos de superavits noutros elementos da Balança de Pagamentos, como é o caso da Conta Financeira, que, no segundo trimestre, registou um saldo superavitário de 1.873,2 milhões de dólares, influenciado principalmente pelo aumento dos créditos comerciais (activo) e redução dos passivos de dívida e do investimento directo.
Ao balanço, entra ainda a posição do investimento internacional. De Abril a Junho, a posição líquida do investimento internacional registou, à semelhança do ocorrido no primeiro trimestre, uma melhoria do seu défice, tendo-se cifrado em 31.253,8 milhões de dólares, como resultado do aumento dos activos financeiros na ordem de 2,3%.
Já o stock das Reservas Internacionais Brutas registou uma acumulação de 244,9 milhões de dólares, ao passar de 14.878,5 milhões de dólares no final de 2020 para 15.123,3 milhões de dólares, no segundo trimestre de 2021, correspondentes a uma cobertura de cerca de 10,1 meses de importação de bens e serviços.