Angola fechou o primeiro trimestre deste ano com um saldo superavitário de 1,9 mil milhões de dólares na conta corrente, equivalente a 12,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ajudado pelo aumento das exportações de bens, sobretudo o petróleo bruto, de acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA), tornados públicos no fim da tarde desta segunda-feira, 05.
O saldo superavitário representa, na análise de economistas consultados pela FORBES, uma melhoria nas contas externas do país, muito por conta do aumento das exportações de petróleo, sendo que os reflexos imediatos deste desempenho recaem sobre as Reserva Internacionais, apreciação cambial e redução do endividamento externo.
“Para um país com uma estrutura produtiva diversificada, um superavit nas contas de transacções é uma boa notícia, pois quer dizer que o mesmo é competitivo a nível internacional. Mas o mesmo não se aplica quando o país tem uma estrutura de exportações concentrado em mais de 90% em um único produto como é o caso de Angola”, adverte o economista Wilson Chimoco.
Com este registo, significa, em termos práticos, que o país conseguiu exportar mais bens e serviços do que aquilo que importou. Aliás, é, por outro lado, um indicador de que o Angola está a conseguir poupar recursos em moeda estrangeira, o que “é fundamental para a estabilidade do mercado cambial e a redução das necessidades de endividamento em moeda estrangeira”, analisou Chimoco.
Não é a primeira vez que se regista este saldo em tempos de crise financeira e de pandemia. Segundo o banco central, também em finais do ano passado, precisamente no quarto trimestre, o país já tinha inscrito nos seus balanços um saldo superavitário.
Por sua vez, a conta financeira também registou um saldo superavitário de 1.235,5 milhões de dólares, influenciado, sobretudo, pelo aumento dos créditos comerciais, da moeda e depósitos, assim como dos activos de reservas e do investimento directo.
A nota do BNA que torna público este dado dá ainda conta de que a posição líquida do investimento internacional no primeiro trimestre de 2021, registou uma melhoria do seu défice, cifrado em 32.221,6 milhões de dólares, como resultado do aumento dos activos financeiros, designadamente créditos comerciais, depósitos e reservas internacionais, numa magnitude superior ao aumento dos passivos.
“O stock das reservas internacionais brutas registou um ligeiro aumento, ao passar de 14.878,5 milhões de dólares, no quarto trimestre de 2020, para 14.977,2 milhões de dólares norte-americanos no trimestre em referência, correspondente a uma cobertura de 11,7 meses de importação de bens e serviços”, lê-se no documento publivado no website do banco central.