O Executivo angolano espera que o sector pesqueiro do país impulsione o desenvolvimento da aquicultura marinha, “por ser uma área que não tem nenhum projecto implementado, numa altura em que os recursos marinhos estão em declínio”, afirmou nesta semana o secretário de Estado para as Pescas e Recursos Marinhos, António da Silva.
Em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, António da Silva fez saber que os declínios dos recursos marinhos não estão só a ser registados em Angola, mas sim em todo mundo e que, por esta razão, seria uma grande oportunidade apostar na aquicultura para que se aumente a quantidade de pescado no mercado.
À margem da 3ª conferência E&M sobre economia azul, que decorreu sob o tema “O Cluster do Mar para além do Petróleo”, promovido pela revista Economia e Mercado de Angola, o governante referiu que “a importância da economia azul é inegável”, almejando que a “forte aposta” nela venha traduzir-se num factor impulsionador, garante de geração de emprego, rendimentos de capitais e inclusão social em actividades costeiras, contribuindo assim para o desenvolvimento socio-económico do país.
“O desenvolvimento da economia azul constitui verdadeiramente uma prioridade, um desígnio e um propósito que se pretende alcançar. Mas, ela não se traduz apenas como mais uma actividade do crescimento fundamental e segmento do plano sazonal em termos de recursos financeiros, mas fundamentalmente num compromisso com a observação dos recursos marítimos para as gerações vindouras, ao promovermos e abraçarmos a economia azul com medidas que visam regular as actividades no sector”, considerou.

Estratégia nacional do Mar
De acordo com o secretário de Estado, é através da implementação da “Estratégia Nacional do Mar de Angola 2021-2030”, que o Executivo pretende transformar progressivamente a realidade actual do país neste domínio e explorar o seu “enorme potencial marítimo” ao longo da sua costa de 1.650 quilómetros, que se estende do Norte e ao Sul.
“Para o efeito apresenta sete objectivos gerais, 72 objectivos específicos e 109 metas para o alcance de uma variedade de metas, entre as quais se destacam fomentar e diversificar a economia marítima, aumentar o emprego e promover o bom estado do meio marítimo”, apontou.
Segundo António da Silva, o Governo vai poder, através das metas estabelecidas, alcançar os seus objectivos, gerando a protecção do ambiente, a conservação e a diversificação da economia, assegurando deste modo um futuro próspero e sustentável para todos os angolanos.
Por outro lado, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, que também esteve presente no evento, assegurou que o país pode tirar muitos dividendos da economia azul, “que às vezes quando é abordada, dá a impressão que só está relacionada com o mar”.
José Severino defende que se deve olhar também na produção de hidrogénio verde, uma área que o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás está a desenvolver “e que vai resultar em uma unidade que estará localizada no Dande, que permitirá modernizar os navios das máquinas de corte, deixar de usar diesel e ser substituído pelo hidrogénio verde”.
“Angola tem todas as condições para ser um grande produtor e exportador de hidrogénio verde, isso porque agrega os dois componentes essenciais a destacar: o mar, que não está poluído, e a energia. E como já estamos bem colocados em relação ao índice de responsabilidade ambiental, nós poderemos subir outros valores e ganhar mais dinheiro”, rematou.