Angola vai reduzir as despesas e optimizar a gestão fiscal caso a iniciativa de extensão do prolongamento da dívida, que abrange o não pagamento de capital e juros, com credores internacionais não se concretize, diz a ministra das finanças, Vera Daves em conferência de imprensa depois de ter participado, em Luanda, por vídeo-conferência, no evento organizado pelo FMI e Banco Mundial sobre Recuperação Económica no pós-Covid-19.
“O adiamento ou o prolongamento do prazo para pagamento é bem-vindo. Em nenhum momento se falou em perdão da dívida, importa clarificar isso. O tema perdão não está na agenda, o que está na agenda é ter mais tempo para pagar. Por isso temos advogado que é necessário conciliar esta iniciativa com outras relacionadas com a atracção de investimento directo estrangeiro e a atracção de mais financiamento concecional”, explica Vera Daves.
A ministra esclarece ainda que os países africanos precisam não apenas de tempo para pagar a dívida, mas também de fluxos financeiros para continuar a investir e a crescer porque senão cair-se-á numa armadilha e não será possível alcançar o crescimento económico que se pretende. Mas, adverte Vera Daves, para ter acesso a esses fluxos financeiros tem de ser de forma responsável, porque, em muitos casos, como é o de Angola, fala-se de níveis de endividamento acima dos 100 por cento, pelo que não convém endividar-se muito mais.
A governante defendeu ainda a importância do diálogo com as instituições internacionais, como o FMI e o BM, para o prolongamento do serviço da dívida e da atracção de investimento directo estrangeiro sem perder de vista o acesso a fundos, dado que as receitas fiscais do país não são por agora suficientes para desenvolver os inúmeros investimentos em infra-estruturas que devem ser feitos para assegurar algumas despesas de apoio ao desenvolvimento.