A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) divulgou uma previsão alarmante para Angola, indicando que o pagamento de juros da dívida do país poderá subir para 30% da receita fiscal até 2027, comparado com os 23,8% registados no ano passado.
Esta análise acompanha a manutenção do ‘rating’ de Angola em B-, conforme explicado pelos analistas da S&P. A agência ressalta que, apesar das medidas de consolidação orçamental, a dívida do governo, que representava cerca de 90% do PIB no ano passado, deverá cair para 76% até o final de 2027.
Contudo, a S&P alerta que quase metade dos pagamentos da dívida externa serão destinados à China nos próximos anos, através de pagamentos com petróleo como garantia, o que poderá compromete a flexibilidade orçamental do governo, uma vez que uma parte substancial das receitas petrolíferas será direcionada para esses pagamentos.
Os pagamentos totais da dívida comercial devem atingir os 4,4 mil milhões este ano (4 mil milhões de euros), dos quais 800 milhões de dólares (742 milhões de euros) correspondem a Eurobonds. Estes valores devem aumentar para 5,1 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) em 2025.
Apesar dos desafios financeiros significativos, a S&P observa que o governo angolano está a adotar medidas proativas para cumprir as suas obrigações financeiras, incluindo a imposição de impostos sobre transações internacionais e a alocação de recursos para o pagamento da dívida.
A perspectiva de evolução estável reflecte as necessidades consideráveis de financiamento externo, juntamente com os preços favoráveis do petróleo e as reservas estáveis.
A S&P destaca ainda que a credibilidade do crédito soberano e a estabilidade económica de Angola estão fortemente ligadas ao desempenho do sector petrolífero e à manutenção da produção acima de 1 milhão de barris diários.
Apesar dos esforços para diversificar a economia e reduzir a dependência do petróleo, as reformas têm sido lentas e limitadas pelos sucessivos choques externos.