A afirmação de Angola como um dos grandes produtores agrícolas em África não deverá acontecer em menos de 25 anos, tendo em conta os vários desafios que o sector ainda enfrenta, entre eles, a falta de financiamento e a legalização das terras para o cultivo, afirmou a fundadora da “Fazenda Maravilhosa”, Paula Bartolomeu.
“Eu não vejo [Angola] ser grande em menos de 25 anos. Nunca vi um país que conseguiu ser grande no agronegócio em menos de 25 anos”, disse a fazendeira, que falava aos jornalistas, à margem do 3º Congresso Angolano de Direito Bancário, que decorreu nesta Sexta-feira, 25, em Luanda, numa organização da consultora nacional Altafinança, que, entre vários, abordou o tema “Crédito Bancário ao Agronegócio”.
Na opinião de Paula Bartolomeu, “é preciso começar devagar, criar bases e pilares fortes” para sustentar o plano que se pretende. A empresária aponta a falta de financiamento, a legalização das terras para o cultivo, a disponibilidade de máquinas, a taxas aplicadas a estes materiais na importação e a falta de fertilizantes como as principais dificuldades do sector agrícola do país.
“Não podemos querer correr. Ser o maior ou um dos maiores é bom, mas a curto prazo não podemos pensar ser logo o maior. Temos que começar a verificar onde é que podemos melhorar e crescer organicamente”, advogou.
A também membro da Associação Agropecuária de Angola (APAA), reconhece, entretanto, que o agronegócio hoje “tem uma outra cara” e já se começa a se fazer sentir, não como uma agricultura de subsistência, mas como um negócio de facto, com grandes operadores e empresas focadas só no agronegócio.
“Já começamos a sentir que há um interesse, não só dos operadores comerciais, mas do próprio Executivo para fazer isso acontecer. Durante muito tempo foi muita conversa, muita teoria, mas hoje já vemos bons sinais de que isto vai acontecer”, referiu.
Esta semana, durante a “Mesa-redonda do Desenvolvimento Angolano”, o ministro da Economia e Planeamento do país, Mário Caetano João, afirmou que o Estado prevê investir, no quinquénio 2023-2027, cerca de 3,1 mil milhões de dólares para transformar o país em um dos maiores produtores agrícolas do continente africano.