O rei Filipe VI, anunciou, nesta Terça-feira, 7, em Luanda, que Espanha tem projectos em marcha para os países da África Subsariana e neste capítulo, colocou Angola no centro das prioridades.
A escolha de Angola como prioridade nos investimentos espanhóis na África subsariana é justificada pelo monarca, com o facto de o país “ter estabilidade política e social, recursos naturais, boas perspectivas económicas e ser muito activo na diplomacia”.
“Alegra-nos apreciar o excelente estado das nossas relações bilaterais, ancoradas no bom diálogo político, na cooperação multilateral e nas trocas comerciais e económicas”, afirmou Filipe VI, quando discursava, momentos após ter sido condecorado com a outorga da mais alta distinção angolana, a ordem Agostinho Neto.
As semelhanças entre as línguas [portuguesa e espanhola] foram destacadas pelo monarca espanhol como uma vantagem a ter em conta nas relações entre as duas nações. “Angola e Espanha têm a vantagem de que as línguas portuguesa e espanhola oferecem uma grande compreensão mútua e também por ser falada por cerca de 10% da população mundial. Por isso, devemos apoiar e fomentar o seu estudo”, defendeu.
O rei referiu que a Espanha quer estabelecer parcerias com países com credibilidade e estáveis, com base em confiança mútua. Segundo o monarca, o seu país pretende que o fomento das relações económicas deve abranger todos os sectores, tendo destacado, por isso, o facto de a transportadora angolana de bandeira, a TAAG, conectar Luanda e Madrid com voos directos.
“Quero realçar a decisão do governo angolano em estabelecer uma ligação aérea directa Luanda-Madrid, que se está a consolidar e é um grande activo para as empresas de ambos os países, aliás, está a potencializar as relações em todos os âmbitos”, enfatizou.

No aprofundamento das relações diplomáticas e socioeconómicas entre Angola e Espanha, a TAAG tem assumido um papel importante na interligação entre as duas economias, sendo a rota Luanda-Madrid uma conexão estratégica para impulsionar negócios bilaterais e captação de investimento directo para Angola.
A aposta do sector empresarial privado espanhol em desenvolver novos negócios em Angola é uma sinergia positiva para a captação de tráfego e valorização da rota que liga a capital angolana e espanhola, operada pela TAAG. A companhia de bandeira angolana tem a vantagem competitiva de ser a única operadora a disponibilizar voos regulares e directos Madrid-Luanda, com três frequências semanais, em aeronave Boeing 777.
Para o rei de Espanha, este gesto constituí um grande activo para as empresas de ambos os países, assegurando que Angola vai encontrar entre as empresas espanholas interessadas em investir em diferentes sectores, como o das infra-estruturas, saneamento básico, turismo, energias renováveis, agro-indústria e pescas.
Espanha empenhada em estreitar relações com África
No seu discurso, Filipe VI garantiu que, nos últimos anos, o Governo, a sociedade civil e o sector privado do seu país têm trabalhado para conhecer melhor o continente africano, no geral, e a África subsaariana, em particular, o que tem resultado na concepção de vários programas para implementação, no sentido de aumentar a presença espanhola e a cooperação com os países da região, bem como estabelecer uma parceria estratégica que permita abordar juntos os diferentes problemas globais.
“Por diversas razões, atravessamos um período de incertezas mundiais, com uma crise económica que afecta a grande maioria dos países. Contudo, os dados que temos indicam que as nossas trocas comerciais e económicas têm evoluindo para melhor”, ressaltou adicionando que, “neste contexto, os dois governos e as agências competentes devem fomentar a cooperação económica, aumentando os fluxos comerciais e a presença empresarial em ambos os países”.
No segundo semestre deste ano Espanha assumirá, pela quinta vez, a presidência rotativa da União Europeia. O monarca garante que entre as prioridades de mais um mandato está o reforço das relações com os parceiros africanos e contribuir para a realização do “marco estratégico” da União Africana, que passa pela transformação económica do continente.
*José Zangui